terça-feira, 17 de março de 2020

PARASHÁ COMENTADA. Parashá 22: Vayak‟hel, PARA OS MESTRES

PARASHÁ COMENTADA.


Parashá 22: Vayak‟hel, Shemot/Êxodo 35 à 38:20
Parashá 23: Pekudê, Shemot/Êxodo 38:21 à 40
Haftarôt: 1 Reis 7:40-50 e 7:51 à 8:21; 2 Coríntios 9:1-15; Apocalipse 11:1-13 e 15:5-8
Shabat, 25 de Março de 2019 – 27 de Adar de 5779







Este é um comentário sucinto e objetivo das Lições da Torah e dos Profetas (ver Atos 13:15) ou Parashiôt, neste Shabat vamos ler em conjunto, as porções de Vayak'hel e Pekudê, as duas últimas do Livro de Êxodo. As Parashiot dessa semana parecem ser uma repetição das porções semanais anteriores: Terumá e Tetsavê. Nas duas primeiras semanas, a Torah descreve, detalhadamente o Tabernáculo e o seu interior, temos uma interrupção, através da leitura de Ki Tissá, que nos conta sobre a idolatria do bezerro de ouro e a Torah retoma então, a descrição sobre a construção do Tabernáculo.


Vayak‟hel começa com Moisés reunindo todo o povo de Yisrael para transmitir-lhes sobre a conexão com o Shabat, a construção e a montagem do Tabernáculo. Em resposta ao chamado de Moisés, os Filhos de Yisrael vieram com contribuições generosas para a construção do Mishkan. Os artesãos são escolhidos e a Torah descreve em detalhes a construção. Na Parashá de Pekudê realizou-se a recontagem de tudo o que foi gasto na construção do Tabernáculo, segundo a ordem de Moisés, contou-se novamente todo o ouro, prata e cobre, bem como os demais objetos utilizados.

Moisés convoca a nação israelita e lembra as pessoas a maneira correta de observar o Shabat, detalhando a proibição de fazer e como usar o fogo no Shabat. Moisés chama o povo para fornecer materiais para a conclusão do Mishkan. Os israelitas reagiram com entusiasmo, superando a necessidade e produzindo um excedente de materiais. A Parashá menciona várias vezes que as mulheres também participaram neste processo, referindo-se a um grupo de mulheres que executaram tarefas na entrada da tenda de reunião, percebemos então que Adonai envolveu todo o povo de Yisrael neste ministério, inclusive as mulheres.

Isto nos mostra que, ao contrário do que muitos críticos afirmam, o D‟us de Yisrael não é um D‟us machista, Adonai pode ser servido tanto por homens como por mulheres, mostrando que a mulher israelita não deve ficar a margem dos assuntos religiosos e muito menos se eximir de auxiliar em alguns trabalhos na Sinagoga, a verdadeira israelita é virtuosa por isso ela sempre estará pronta a ajudar no que for preciso.

O criativo e talentoso Bezalel, que era ainda mais abençoado com a habilidade de ensinar com eficácia os outros, é designado como o mestre artesão de liderança no esforço para concluir o embelezamento e manutenção do Santuário. Ooliabe também tem um papel de liderança no fornecimento para as necessidades artísticas e estéticas do Mishkan.

Comentários de rashi 

A respeito da construção do Mishcan, a porção desta semana da Torá declara: "Betsalel, filho de Uri que era filho de Chur, da tribo de Judá, fez tudo que D'us ordenou a Moshê" (Shemot 38:22). Este versículo provoca uma grande dúvida: Como Betsalel pôde fazer tudo que D'us ordenou a Moshê? Betsalel não estava presente quando D'us instruiu Moshê a construir o Mishcan!?

Rashi, um do maiores comentaristas da Torá, explica que o versículo nos ensina que, através de Ruach Hacôdesh, inspiração Divina, Betsalel sabia até mesmo as coisas que Moshê não lhe dissera. Embora não estivesse presente quando D'us deu as ordens a Moshê, Betsalel ainda foi capaz de construir o Mishcan exatamente de acordo com as especificações de D'us. Rashi prova que Betsalel soube de tudo através do poder  Ruach Hacôdesh pelo fato de que quando Moshê disse a Betsalel para primeiro fazer os utensílios do Mishcan, e apenas então construir a estrutura do Mishcan em si, Betsalel corrigiu Moshê e informou-o de que deveria ser feito do outro modo.

O Kli Yakar concorda com Rashi que o versículo de fato nos ensina que Betsalel sabia como construir o Mishcan ele tinha a imagem feita em seu lev dado através do poder do Eterno . Entretanto, ele refuta a prova de Rashi e insiste que, na realidade, Moshê disse tudo a Betsalel, na ordem correta.

Por que é importante saber se a estrutura do Mishcan ou os utensílios foram feitos em primeiro lugar?


Rabi Yerucham Levovitz explica que assim vemos a importância de colocarmos tudo em sua ordem correta. Jamais teremos tempo suficiente a cada dia para cumprir tudo aquilo que gostaríamos. Portanto, devemos estabelecer prioridades em nossa vida, para que possamos realizar tanto quanto possível com o tempo que nos foi reservado.
A Parashá Vayak‟hel revisita informações familiares dos capítulos anteriores no Livro do Êxodo, que descrevem a construção do Tabernáculo e os seus vários acessórios e apetrechos, incluindo a mesa, o Menorah, o altar, incenso, óleos, e assim por diante. Os detalhes finais relatados na Parashah são a construção da pia sacerdotal, de espelhos de cobre doados por mulheres israelitas, e um relatório sobre as dimensões do recinto para os recintos sagrados.

A porção de encerramento do Livro do Êxodo, a Parashá Pekudê, abre com um inventário dos metais que tinham sido contribuídos para o santuário, juntamente com uma contagem mais precisa da população israelita que trouxe esses presentes: 603.550 homens com mais de vinte anos de idade, quando então, tornaram-se elegíveis para o serviço militar, com a adição implícita de suas famílias.
A descrição detalhada das elaboradas vestimentas sagradas sacerdotais é fornecido, o que corresponde a contas anteriormente no livro de Êxodo.

 A tenda está finalmente concluída. Moisés dá uma bênção sobre os israelitas por seus esforços ao Eterno. O Mishkan está finalmente concluído, está pronto para implantação, ele finalmente é erguido e seus móveis devidamente organizado, por ordem de D‟us é claro. "no primeiro dia do primeiro mês", efetuando uma celebração de ano novo acessório. Levaram, na verdade, precisamente nove meses de gestação nacional e espiritual desde a revelação no Monte Sinai. Os implementos rituais dentro do Santuário são ungidos e dedicado às suas funções sagradas. Em uma consumação final do esforço de construção, então, a Presença Divina enche o Tabernáculo. "Quando a nuvem se levantava de sobre a tenda, os israelitas teriam estabelecido", continuando a sua caminhada para a Terra Prometida. Durante essas viagens, a nuvem da presença divina iria descansar sobre o Tabernáculo durante o dia e assumir um aspecto de fogo durante a noite.

O Tzitz foi uma das oito peças de vestuário especial usada pelo Sumo sacerdote, constituía-se de uma placa de ouro usado em toda a testa, gravado com as palavras "Consagrado ao Eterno". A Torah ordena que o Tzitz “esteja em sua testa para sempre" (ver Êxodo 28:38). Os sábios entendiam esta exigência não tanto como endereçamento onde a placa de cabeça é gasto, mas sim como ele é usado. Não é o suficiente para o Tzitz estar fisicamente em sua testa. Deve estar antes de tudo "em sua mente."

O sumo sacerdote deve estar constantemente ciente da placa e sua mensagem sagrada e sucinta, “Consagrado ao Eterno", enquanto servia no Templo sagrado. Seu serviço requer o reconhecimento consciente da finalidade de suas ações, sem pensamentos e reflexões irrelevantes."
Quando o Cohen Gadol iria prender o Tzitz na testa, ele declarou publicamente que ele e o Mishkan formavam Uma só Peça. Ele e o serviço do Templo eram Um só. Não só foi a presença do Eterno manifesta entre as quatro paredes do Tabernáculo, mas também Adonai se manifestou através da pessoa do Cohen haGadol.

Foi precisamente neste sentido que o Messias se referiu quando disse: “eu e o Pai somos Um” (João 10:30), era uma união de propósito, de serviço sagrado, de objetivos e não de “substâncias” como erroneamente os cristãos alegam de maneira equivocada. O sacerdote ungido deveria levar constantemente gravado na testa as palavras “Consagrado ao Eterno”.
Não é pouca coisa para uma criatura de vontade livre para manifestar D‟us. Trata-se de moldar o caráter de alguém para refletir toda a sensibilidade e preocupação ao ser forte e corajoso contra todo e qualquer adversário. Seria muito bom que cada um de nós fossemos um Cohem Gadol aos nossos filhos e alunos.

Como os Bigdei Kehuná (Vestes) Salvaram o Bet Hamicdash da Destruição
O reino do jovem imperador Alexandre Magno era imenso: governava sobre algumas partes da Europa, Ásia e África. E se propunha a conquistar todo o mundo! Seria muito ofensivo para o exército de Alexandre submeter-se ao pequeno país de Êrets Yisrael.

Alexandre Magno sentiu-se incomodado com os soldados judeus, certa vez que lhes pedira para ajudá-lo em uma guerra. Os judeus se negaram, pois haviam feito um trato com outro imperador, o rei da Pérsia. Responderam, pois, a Alexandre, que não podiam enviar-lhe ajuda, caso o fizessem estariam violando o tratado com o rei da Pérsia.

Porém, um grupo de inimigos dos judeus, os Cutim (samaritanos), que viviam em Êrets Yisrael, enviaram soldados em apoio a Alexandre Magno. E os Cutim falaram mal dos judeus a Alexandre Magno:

"Os judeus pretendem rebelar-se contra ti!" - protestaram ao imperador. "Destrua seu Templo Sagrado e a cidade rebelde na qual encontra-se situado: Jerusalém!"

Alexandre acreditou em suas palavras e concordou em destruir o Bet Hamicdash.

Quando os judeus souberam disto, todos em Êrets Yisrael se entristeceram. Avisaram ao Cohen Gadol, Shimon, que Alexandre estava para destruir o Bet Hamicdash. Shimon sabia que somente uma medida drástica impediria que o exército de Alexandre conquistasse Jerusalém.

Shimon logo ficou sabendo que Alexandre e seus homens marchavam para Jerusalém. Vestido com as oito vestes de Cohen Gadol saiu ao encontro de Alexandre. Ia acompanhado das grandes figuras de Jerusalém e de jovens cohanim com tochas acesas. Shimon e seu grupo marcharam durante toda a noite e na manhã seguinte se aproximaram dos homens de Alexandre.

"Quem são estas pessoas?" - perguntou o imperador aos Cutim.

"São os judeus que se rebelam contra ti, Majestade", responderam.

Quando Alexandre se encontrou frente a frente com Shimon, aconteceu algo espantoso: o imperador famoso no mundo inteiro, perante quem todos se inclinavam, desceu do cavalo e fez uma profunda reverência ante o adornado e resplandecente tsadic (homem justo).

Seus homens não acreditaram no que viam.

"Por que tu, Alexandre Magno, deverias te inclinar perante este judeu?" - perguntaram ao imperador. Alexandre explicou: "Na noite antes de cada batalha, se este homem me aparecesse em sonhos, ganharíamos esta batalha no dia seguinte. Este homem, que parece um anjo, ajudou-me a ganhar minhas guerras!"

Alexandre perguntou a Shimon: "Por que saíste ao meu encontro?"

Shimon respondeu" "Soubemos que desejas destruir nosso Bet Hamicdash. Porém, não compreendes que é neste Templo Sagrado que rezamos sempre a D'us para que tenhas êxito nas tuas batalhas. Nossos inimigos te enganaram e te deram falsas informações sobre nós!"

"Quem são teus inimigos?" - perguntou Alexandre.

"Os Cutim", respondeu Shimon.

"Neste caso," disse Alexandre, "decreto que faças com eles o que quiseres."

O Bet Hamicdash e Jerusalém salvaram-se da destruição graças a Alexandre ter ficado tão impressionado pelo aspecto de Shimon, vestido com suas gloriosas bigdei kehuná (vestes).

Em geral, não é permitido usar as bigdei kehuná fora do Bet Hamicdash. Mas neste caso, Shimon abriu uma exceção, pois o Templo e as vidas dos judeus corriam perigo. Segundo outra opinião de nossos Sábios, as vestes usadas por Shimon eram exatamente iguais na aparência às bigdei kehuná, mas não eram sagradas. Eram apenas uma imitação das vestes dos cohanim, mas não haviam sido feitas para que os cohanim as usassem no Bet Hamicdash.

O Sentido espiritual da Parashá(comentários da Kabalah):
Pekudê, a última porção do livro de Êxodo, começa com uma prestação de contas feita por Moisés para sua Congregação. Esta leitura das duas últimas porções do livro de Shemot, marca o encerramento de um ciclo. A jornada rumo ao melhor de nós mesmos (para chegarmos à Terra Prometida e ao Olam Habá) segue em frente, mas é necessário uma avaliação do nosso aprendizado.
Através desta avaliação de “perdas e ganhos”, somos lembrados sobre o motivo de estarmos aqui neste mundo, que seria uma correção (tikun) que devemos fazer em nossas vidas, caráter e personalidade. Não adianta fugir da situação, é necessário aceitar e compreender, para depois modificar e seguir em frente.

De modo geral, fala-se muito desta prestação de contas ao longo do mês de Elul, justamente porque as pessoas estarem se preparando para os julgamentos de Rosh haShaná e posteriormente ao Yom Kipur, mas, convenhamos, quem realmente se lembra de tudo o que fez ao longo de um ano? Por isso mesmo que devemos falar como o salmista:
“Quem pode discernir os pecados que se escondem em seu interior? Perdoa-me Tu os meus pecados que me são ocultos” (Salmos 19:12)

Todavia, o verdadeiro israelita procura, hoje, ser melhor do que foi ontem. Como fazer isso? Através de uma reflexão diária. Feita a avaliação, qual o seu compromisso com o dia seguinte? O que você pode fazer de melhor? O que pode corrigir? O que pode aprender de novo? Lembre-se de que a construção de um consagrado espaço interior, deve permitir uma plena conexão com a Luz Divina, deve ser feita com beleza (obra de artesão), superando as dificuldades inerentes ao processo e buscando fazer cada vez melhor. Que Adonai Eterno abençoe a Leitura, o Estudo e a Prática de sua Palavra.

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