por: Rav: Marlon Trocolli , Shaliach Inacio Medeiros , Rosh Jair Lima
Parashá 20: Tetzavê, Shemot/Êxodo 27:20 à 30:10
Haftará: Ezequiel 43:10-27; Filipenses 4:10-20
Shabat, 11 de Março de 2019 – 13 de Adar de 5779
Este é um comentário sucinto e objetivo das Lições da Torah e dos Profetas (ver Atos 13:15) ou Parashiôt, na curta Parashá Tetzavê, Adonai diz a Moshê para ordenar ao povo o fornecimento de azeite de oliva puro para que os sacerdotes deixassem a Menorá (candelabro), do Mishkan, permanentemente acesa. Ele também faz uma descrição das vestimentas sacerdotais utilizadas durante a realização dos serviços religiosos contínuos.
Tetzavê também descreve a escolha e a consagração de Aaron e seus filhos Nadav, Avihu, Elazar e Itamar, como os primeiros sacerdotes do povo de Yisrael. Adonai instrui Aarão a queimar incenso no altar, feito de madeira de acácia, todas as manhãs e tardes continuamente enquanto houvesse o Santuário.
São descritas as roupas sacerdotais e como devem ser usados pelos Cohanim (sacerdotes) durante a execução de seu serviço no Santuário. Todos os Cohanim vestiam:
1) Ketonet = uma longa túnica de linho.
2) Michnasaim = calças de linho.
3) Mitznefet ou migbaat = turbante de linho.
4) Avnet = um longo cinto em torno dos quadris.
Além disso, o Cohen Gadol (Sumo Sacerdote) usava:
5) Efod = uma espécie de avental feito de lã tingida de azul, roxo e vermelho, linho e fio de ouro.
6) Choshen = uma placa afixada em seu peito, que havia incrustada doze pedras preciosas gravadas com os nomes das doze tribos de Yisrael.
7) Me'il = túnica azul de lã com sinetes de ouro e romãs em sua bainha.
8) Tzitz = uma lâmina de ouro que colocado na testa em forma de Tiara, por cima do turbante, com a inscrição ל ו ק ד - Kodesh LaYHWH – Consagrado a YHWH.
Se os sacerdotes se perguntavam com que roupa iriam para o espaço sagrado no qual a Presença Divina se fazia mais presente, a resposta era: muitas roupas, belas e vistosas. O sacerdote era vestido e perfumado com óleos aromáticos, de forma que era inconfundível em meio à multidão ao seu redor.
Entre os acessórios descritos acima, havia um muito especial: os urim e tumim, embora esteja escrito na Mishná (Sotá 9:12): “Desde que os profetas morreram, cancelaram o uso dos urim e tumim”. Uma forma diferente de urim e tumim foram muito usados em antigas sociedades (e ainda são, de algum modo), que usavam um conjunto de pequenos objetos como mediadores entre o presente e o futuro ou entre o homem e o divino. Diz a Mishná, material de orientação rabínica, que com a morte dos profetas, estes objetos de auxílio no contato com o Eterno foram abolidos. A época rabínica, pelo menos a do Talmud, esta prática é afastada da liderança sacerdotal e dos ritos sagrados, e busca, para além deles, a razão e o debate como instrumentos de consulta ao Eterno.
As Pedras Preciosas da Placa Peitoral
Contudo, ainda hoje há, fora do meio judaico e também no meio judaico, aqueles que usam de objetos semelhantes aos urim e tumim para se comunicar com o mundo espiritual. Se isso funciona ou não, eu não posso garantir, mas que há muitos farsantes em todos os meios, inclusive no nosso, usando roupas e objetos como se fossem rabinos, sacerdotes, mestres cabalistas, curandeiros e suas variações, isso sempre houve e sempre haverá, um certo dito judaico diz o seguinte: “O judaísmo existe para afastar o homem da superstição”. A Fé Patriarcal não precisa de misticismos, superstições, milagres ou sinais para se crer no D‟us verdadeiro, basta ter a Fé de Abraão.
A Parashá finaliza com a descrição da montagem do altar dos perfumes ou altar do incenso aromático, deveria ficar dentro do santuário em frente ao Santo dos Santos, onde o sacerdote deveria queimar incenso aromático todos os dias continuamente pela manhã e ao entardecer. Hoje, na falta do nosso Templo, o oferecimento de incenso ao Eterno foi substituído temporariamente pelo nosso serviço litúrgico de orações no Shacharit (orações da manhã) e da Minchá (orações da noite) conforme narra no Apocalipse 8:3, até o nosso Messias reconstruir novamente o Templo Sagrado. Todo judeu ou israelita devoto não deixa de fazer suas preces diárias (Shacharit e Minchá) ao Eterno seu D‟us, dando assim continuidade ao serviço interrompido do santuário.
Sentido espiritual da Parashá (comentários da Kabalah):
Segundo os rabinos talmudistas, qualquer tema abordado através das histórias da Torah, refere-se à experiência interior do ser humano e sua busca por conexão com a Luz do Mundo. Depois da construção do Mishkan, encontramos na Parashá desta semana orientações detalhadas para a confecção da roupa dos Cohanim (sacerdotes).
O sacerdote é comparado a um código para um nível de consciência superior e, espiritualmente falando, as três vestimentas sagradas da alma são o Pensamento, a Palavra e a Ação. Para receber a unção como sacerdote do Eterno, o ser humano deve permanecer dentro do Tabernáculo, o espaço sagrado, onde sua Luz interior (Menorá) permanece acesa para que sua vestimenta seja consagrada através de um processo de purificação e refinamento.
Na Lição da Parashá desta semana indica que as vestimentas têm o poder de se comunicar, e nós precisamos ter consciência das mensagens que estamos enviando para fora.
Uma particularidade desta porção é que o nome de Moshê não é mencionado nenhuma vez, na verdade, desde o nascimento de Moisés até o final da Torah, esta é a única Parashá que não consta seu nome. Os rabinos dizem que esta omissão foi o resultado do que Moshê proferiu sobre si mesmo, após o pecado do bezerro de ouro: “E agora, se perdoas seu pecado, está bem, e se não, risca-me, rogo, do Teu livro, que escreveste!”
comentário o nome de Mosheh
Este é mais um exemplo dos efeitos que as nossas palavras podem ter. A Tradição israelita nos adverte que uma pessoa não deve falar mal até mesmo de si próprio, ao proferir estas palavras, Moshê estava pedindo ao Eterno para perdoar o povo de Yisrael, imagine as consequências quando as palavras são proferidas com raiva e hostilidade, seja contra si, seja contra outras pessoas. Foi nesse sentido que o primeiro Rosh dos nazarenos, Sheliach Ya‟akov(apóstolo Tiago), se referiu ao escrever em sua epístola:
“Meus irmãos, muitos de vós não queiram ser mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo. Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar, o tal é perfeito, e poderoso para também refrear todo o corpo” (Tiago 3:1-2)
Que Adonai Eterno abençoe e Leitura, o Estudo e a Prática de sua Palavra.
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