sábado, 29 de fevereiro de 2020

A HISTORICIDADE DE YESHUA





                                                  A  HISTORICIDADE DE YESHUA

                             POR MORÉ INÁCIO DE  MEDEIROS (SHAUL BEN DERECH)




       
1.    Flávio Josefo.
Γίνεται δὲ κατὰ τοῦτον τὸν χρόνον Ἰησοῦς σοφὸς ἀνήρ, εἴγε ἄνδρα αὐτὸν λέγειν χρή: ἦν γὰρ παραδόξων ἔργων ποιητής, διδάσκαλος ἀνθρώπων τῶν ἡδονῇ τἀληθῆ δεχοµένων, καὶ πολλοὺς µὲν Ἰουδαίους, πολλοὺς δὲ καὶ τοῦ Ἑλληνικοῦ ἐπηγάγετο: ὁ χριστὸς οὗτος ἦν. καὶ αὐτὸν ἐνδείξει τῶν πρώτων ἀνδρῶν παρ ἡµῖν σταυρῷ ἐπιτετιµηκότος Πιλάτου οὐκ ἐπαύσαντο οἱ τὸ πρῶτον ἀγαπήσαντες: ἐφάνη γὰρ αὐτοῖς τρίτην ἔχων ἡµέραν.1

Sobre este tempo veio Yeshua, um homem sábio, se é que é adequado chamá-lo de um homem. Era, pois um trabalhador de feitos incríveis, um mestre daqueles que aceitaram a verdade com prazer, e ele atraiu muitos judeus, assim como muitos dos gregos [caminho]. Este era o Ungido. E quando, em vista da [sua] denúncia pelos principais homens entre nós, Pilatos o havia condenado a uma cruz, aqueles que o amavam no início não cessaram [fazê-lo]. Ele apareceu a eles no terceiro dia.2

Nesse mesmo tempo apareceu Yeshua, que era um homem sábio, se todavia devemos considera-lo simplesmente como um homem, tanto suas obras eram admiráveis. Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios. Ele era o Ungido. Os mais ilustres da nossa nação acusaram-no perante Pilatos e ele fê-lo crucificar. Os que o haviam amado durante a vida não o abandonaram depois da morte. Ele lhes apareceu ressuscitado e vivo no terceiro dia, como os santos profetas o tinham predito e que ele faria muitos outros milagres. “É dele que os cristãos, que vemos ainda hoje, tiraram seu nome”

Essa citação tem sido criticada como sendo impossível de ter sido proferida por um judeu-romano escrevendo sobre a história dos judeus. Normalmente apela-se par ao fato de que o texto acima é fruto de uma corrupção cristão tardia, especialmente pelo fato de que Orígenes (185-253dC) atesta que Josefo não aceitava a Messianidade de Yeshua.



Dois líderes famosos da igreja em particular, Orígenes e e Eusébio (254 d.C) atestava as citações de Josefo, e isso se firmava cada vez mais  entre os estudiosos da época e isso fazia com que os seus textos fossem cada vez mais popularizados.
. No momento em que o poder central do império romano  começava a vacilar a decair , no final do século IV, o mundo tinha oficialmente abraçado o cristianismo essa nova religião . Era a igreja, com a sua própria infraestrutura, que iria renascer das cinzas do império para preservar a herança greco-romana. Assim, a ligação da igreja com Josefo garantiu-lhe um papel permanente na tradição ocidental.

O parágrafo de Josefo sobre a pessoa de Yeshua foi editada por copistas cristãos, mas a edição foi feita logo no início, por volta do ano 300. Por conseguinte, os leitores cristãos posteriores pensavam que o registro brilhante sobre Yeshua nas obras de Josefo tinha sido escrito pelo próprio historiador judeu. Estas poucas referências foram vistas como testemunho fundamental independente para os fundamentos históricos da igreja. 4

Entretanto, essa declaração não é inteiramente verdadeira, observe a declaração de Orígenes:
“Tamanha era a reputação de Tiago entre as pessoas consideradas justas, que Flávio Josefo, que escreveu Antiguidade dos Judeus em vinte livros, quando ansiava por apresentar a causa pela qual o povo teria sofrido grandes infortúnios que até mesmo o tempo fora destruído, afirma que essas coisas aconteceram com eles de acordo com a Ira de Deus em consequência das coisas que eles se atreveram a fazer contra Y o irmão de Yeshua que é chamado Cristo. E o que é fantástico nisso é que, apesar de não aceitar Jesus como Cristo, ele deu testemunho da justiça de Tiago” – (Orígenes, Origen’s Commentarary on Matthew, IN: ROBERTS, Alexander, DONALDSON, James, Ante-Nicene Fathers, VOL 9, pp.424)
Considerando o fato de que Orígenes a atesta que Josefo o chama de ungido (como vimos que o faz quando fala sobre Tiago), embora não o considerasse como tal, não é impossível que a citação seja de fato verdadeira. Porém, devemos reconhecer que algumas das declarações desse texto atribuído a Josefo parecem por demais cristãs para serem de um fariseu, e entendemos que não é à toa que tenha sido considerada uma interpolação.
Edwin Yamauchi, professor emérito de história na Universidade de Miami, comenta essa citação de Josefo e explica que é possível perceber onde estão as interpolações, ou supostas alterações cristãs tardias. Ele argumenta que era incomum para um cristão referir-se a Jesus Cristo apenas como um homem sábio, o que sugere que o texto nesse caso é de Josefo. Por outro lado, parece improvável que um judeu sugeriria que ele não era simplesmente um homem. Nesse caso, Yamauchi atesta que esse é um possível caso de interpolação cristã tardia. Sobre a expressão “Ele ensinava os que tinham prazer em ser instruídos na verdade e foi seguido não somente por muitos judeus, mas mesmo por muitos gentios”, Yamauchi defende que está em conformidade com o estilo e vocabulário de Josefo, mas a conclusão “Ele era o Cristo” parece direta demais para um judeu (STROBEL, Lee, Em defesa de Cristo,  Vida, 1998, 104).
Contudo, ainda que tal citação de Josefo possa ser tomada com algumas ressalvas, é importante lembrar que uma versão árabe do texto de Josefo no mesmo trecho, que embora tenha as partes mais criticadas ausentes, apresenta aspectos interessantes sobre Cristo, observe:
“Nessa época havia um homem sábio chamado Jesus. Seu comportamento era bom, e sabe-se que era uma pessoa de virtudes. Muitos dentre os judeus e de outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos condenou-o à cruficicação e à morte. E aqueles que haviam sido seus discípulos não deixaram de seguí-lo. Eles relataram que ele lhes havia aparecido três dias depois da crucificação e que ele estava vivo […] talvez ele fosse o Messias, sobre o qual os profetas relatavam maravilhas” – (GEISLER, Norman, Enciclopédia de Apologética – Vida 2002, pp.449)
infelizmente ainda temos que pesquisar em muitos materiais que são tendenciosos mais mesmo nesses materiais  encontramos relatos e pesquisas bem feitas para tais aparatos,por grandes pesquisadores 
Após apresentar essa versão do texto de Josefo, em outro livro Geisler explica sua preferência por essa leitura:
“Existe uma versão dessa citação na qual Josefo afirma que Jesus era o Messias, mas a maioria dos estudiosos acredita que os cristãos mudaram a citação para que fosse lida dessa maneira. De acordo com Orígenes, em dos pais da igreja nascido no século II, Josefo não era cristãos. Desse modo, é improvável que ele pudesse afirmar que Jesus era o Messias. A versão que citamos aqui vem de um texto árabe que, acredita-se, não foi corrompido” – (GEISLER, Norman, Não tenho fé suficiente para ser ateu – Vida, 2006, pp.227)
Diante dessas informações, devemos ainda lembrar os leitores que a credibilidade de Josefo como historiador já foi colocada a prova diversas vezes. Em um provocativo livro chamado Jesus e Javé, o judeu ateu Harold Bloom logo de início apresenta sua visão acerca de Cristo e Josefo:
“Não há fatos comprovados acerca de Jesus de Nazaré. Os poucos fatos que constam na obra de Flávio Josefo, fonte da qual todos os estudiosos dependem, são suspeitos, pois o historiador era José bem Matias, um dos líderes da Rebelião Judaica, que salvou a própria pele por ter bajulado os imperadores da Dinastia Flaviana: Vespasiano, Tito e Domício. Depois que um indivíduo proclama Vespasiano como Messias, ninguém deve mais acreditar no que tal pessoa escreve a respeito do seu povo. Josefo, mentiroso inveterado, assistiu, tranquilamente à captura de Jerusalém, à destruição do Templo e à matança dos habitantes” – (BLOOM, Harold, Jesus e Javé, os nomes divinos – Objetiva, 2006, pp.31)

Uma consideração a ser feita !!!!! 
Nesse momento temos que fazer uma importante pergunta: A REVISTA MORASHA FAZ UM IMPORTANTE ESTUDO SEGUE O LINK  O que ganharia esse judeu traidor nacional em mencionar a figura de Jesus?. Considerando o fato de que era financiado por Roma, era de se esperar que sua visão pudesse ter sido comprada pelos romanos e sua história tenha cedido em alguns lugares à tentação de ser conscientemente impreciso o que o levou a ganhar a fama de mentiroso inveterado.
Contudo, aos olhos de Roma, essa nova “religião” tinha claras tendências de ser facciosa ao Império em função do seu estranho conjunto de doutrinas e sua objetiva recusa de adorar ou a César ou aos deuses romanos. Com isso, era de se esperar que ele suprimisse qualquer evento, fato ou personagem que pudesse o colocar em oposição com seus patrocinadores.
Portanto, é evidente que não haveria qualquer ganho para Josefo em apresentar a pessoa de Jesus, e talvez, por essa mesma razão, é que ele tenha escrito tão pouco a seu respeito. Mas, ainda assim, com o testemunho de Josefo, nós podemos reconhecer algumas das características de Cristo e sua história, tal como contada pelos evangelistas:
(1) Jesus foi um homem considerado sábio;
(2) de bom comportamento e virtudes;
(3) tinha um irmão chamado Tiago
(4) teve muitos seguidores de diferentes nacionalidades;
(5) foi crucificado por Pilatos;
(6) por crucificação;
(7) nem por isso seus discípulos o abandonaram;
(8) eles relataram a ressureição de Cristo após três dias;

(9) além de uma possível relação com o Messias anunciado pelas escrituras hebraicas.



FONTES


1Cf. Flavii Iosephi opera. B. Niese. Berlin. Weidmann. 1892.

2 Cf.Flavius Josephus: Antiguidade Judaica, Livro 18. 63,64. tradução de Louis H. Feldman, The Loeb Classical Library. 2b(JOSEFO, Flávio, História dos Judeus – CPAD, 2000, pp.418)
 (GEISLER, Norman, Enciclopédia de Apologética – Vida 2002, pp.449)










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