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autorizada para fins não lucrativos.
Parashá 35- Nasó (Levanta)
(Números 4:21 a 7:89)
Referência
nos Profetas: Juízes 13:2-25
Referência
nos Escritos Apostólicos: Actos
21:17-26
Salmo complementar: 67
NOTAS:
(1)
Caso seja a primeira
vez que tem contacto com o termo parashá
(2)
Todas as “midrashim” bem como os
comentários de rabinos, indicados nesta parashá, são apresentados apenas a
título de curiosidade, como tal não devem de modo algum ser comparadas aos
mandamentos da Torá revelada pelo Eterno a Moisés e que este escreveu para
todas as gerações (chumash). Um dos nossos lemas de fé é não ir além daquilo
que está escrito, como tal, a menção às midrashim e a comentários de rabinos
são apenas a título indicativo para dar uma visão geral sobre como interpretam
os rabinos determinados textos.
.
Porção Semanal
da Torá: 35- Nasó
(de Números 4:21
–
7:89)
Significa “levanta”.
Primeira Leitura: 4:21 – 37
4:22 Toma também
a soma dos filhos de Gérson, segundo
a casa de seus pais, segundo as suas gerações.
O
texto hebraico diz literalmente “nasah rosh” que traduzido é
“levanta a cabeça”. Aqui refere-se ao censo. A cabeça é
levantada diante do Eterno quando alguém é tomado em conta.
4:23 da idade de trinta anos
para cima, até aos cinquenta, contarás a todo aquele que
entrar a servir
no seu serviço, para exercer
o ministério na tenda da congregação.
Em Números 8:24 está escrito que os
levitas deveriam entrar no serviço aos 25 anos de idade, mas aqui diz que os
levitas tinham que ser contados a partir dos 30 anos de idade. Rashí explica a
aparente contradição dizendo que os levitas entravam aos 25 anos para estudar as
leis do seu serviço e aos 30 anos podiam exercer o serviço.
4:32 como também
as colunas do pátio em redor, e as suas bases, e as suas estacas,
e as suas cordas, com todos os seus instrumentos, com todo o seu ministério; e contareis os utensílios da guarda do seu cargo,
nome por nome.
Para evitar quezílias, tensões ou mal entendidos, cada
levita recebeu uma ordem para saber que coisas levaria. Assim, cada objecto do
santuário foi administrado com ordem e disciplina e cada um tinha a sua tarefa
pessoal, como está escrito em 1 Coríntios 12:12-30:
“Porque, assim como o corpo é um e tem muitos membros,
e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim
é o Messias também. Pois
todos nós fomos
baptizados em um Espírito, formando um corpo,
quer judeus, quer gregos, quer
servos, quer livres,
e todos temos bebido
de um Espírito. Porque também
o corpo não
é um só membro, mas muitos.
Se o
pé disser: Porque
não sou mão, não sou do corpo;
não será por isso do corpo?
E, se a orelha
disser: Porque não
sou olho, não
sou do corpo; não será
por isso do corpo?
Se todo o corpo fosse
olho, onde estaria
o ouvido? Se todo fosse ouvido, onde estaria o olfacto? Mas, agora, Deus colocou os membros no corpo, cada um deles
como quis.
E, se todos fossem
um só membro, onde estaria
o corpo? Agora,
pois, há muitos
membros, mas um corpo.
E o olho não pode dizer à mão: Não tenho necessidade de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não tenho necessidade de vós. Antes,
os membros do corpo que
parecem ser os mais
fracos são necessários. E os que reputamos serem
menos honrosos no corpo,
a esses honramos muito mais;
e aos que em nós são menos
decorosos damos muito
mais honra. Porque os que em nós são mais honestos
não têm necessidade disso, mas Deus
assim formou o corpo, dando
muito mais honra
ao que tinha falta dela,
para que não haja
divisão no corpo, mas, antes,
tenham os membros
igual cuidado uns dos outros.
De maneira que, se um membro
padece, todos os membros padecem com ele; e, se um membro é honrado, todos
os membros se regozijam com ele. Ora,
vós sois o corpo do Messias e seus
membros em particular. E a uns pôs
Deus na igreja,
primeiramente, apóstolos, em segundo
lugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois,
dons de curar,
socorros, governos, variedades de línguas. Porventura, são todos apóstolos? São todos profetas? São todos doutores? São todos operadores de milagres? Têm todos o dom de curar? Falam todos diversas línguas? Interpretam todos?”.
Efésios 4:16: do
qual todo o corpo, bem ajustado e ligado pelo auxílio de todas as juntas,
segundo a justa operação de cada parte,
faz o aumento do corpo,
para sua edificação em amor.
Isto ensina-nos acerca da importância de organizar cada
detalhe num povo, numa congregação, numa empresa ou numa casa. Quando a casa
está desordenada é porque há falta de organização e falta de disciplina para
cumprir as normas. Para poder ter uma casa em ordem, é necessário que cada
objecto tenha o seu próprio lugar.
4:36 Os que deles
foram contados, pois,
segundo as suas
gerações, foram dois mil e
setecentos e cinqüenta.
Dos 8 600 levitas
da família de Coate, podiam servir 2 750, que são 32%.
Segunda Leitura: 4:38-49
4:40 os que deles foram
contados, segundo as suas gerações e segundo a casa
de seus pais, foram dois mil e seiscentos e trinta.
Dos 7500 levitas
da família de Gérson, podiam servir 2 630, que são 35%.
4:44 foram, pois,
os que foram deles contados, segundo as suas
gerações, três mil e duzentos.
Dos 6 200 levitas
da família de Merari, podiam servir 3 200, que são 52%.
4:47-48 da idade de trinta
anos para cima, até aos cinquenta, todo aquele que entrava a executar o ministério da administração e o ministério da carga na tenda
da congregação, os que deles foram contados foram
oito mil quinhentos e oitenta.
Dos 22 300 levitas que havia nas três famílias, podiam
servir 8 580, que são 38% destes. Os restantes eram menores de 30 anos ou
maiores de 50.
4:49 Conforme o mandado de YHWH pela
mão de Moisés,
foram contados, cada qual segundo o seu ministério e segundo o seu cargo;
e foram, os que deles
foram contados,
aqueles que YHWH ordenara a Moisés.
Cada um tinha um cargo,
uma responsabilidade, um trabalho a fazer. Uma das coisas
mais importantes para qualquer administração é que cada pessoa saiba
exactamente o cargo que tem. Se cada um dos integrantes da organização,
soubesse qual o papel que lhe está atribuído, certamente não haveria conflitos
internos e o propósito da organização seria levado avante com êxito.
Nesta porção semanal da Torá, destacam-se duas necessidades
básicas do homem; a primeira é a necessidade de ser levado
em conta. Por isso a porção desta
semana, começa por dizer que a
cabeça dos levitas será levantada. O Eterno conta com eles e assim a sua cabeça
é levantada.
A segunda coisa é que cada um tenha um cargo, uma tarefa,
uma missão para cumprir. Qualquer pessoa que perde a sua consciência de alguma
destas duas coisas, sente-se inútil como pessoa
e sente que a sua vida é inútil. Se ninguém conta comigo, por que razão
eu vivo? Se não tenho nada importante para fazer, para que
é que existo? O que faz com que uma pessoa
se sinta importante, é que seja tomada em conta, e que tenha uma missão a
desempenhar.
Se queremos que o Eterno conte connosco, o que devemos
fazer? Façamos como fizeram
os levitas no dia em que Israel se corrompeu com o bezerro de ouro. Quando
todos escolheram o caminho
largo que leva à destruição, eles responderam ao chamado que dizia
“Quem é de YHWH venha a mim”, cf. Êxodo 32:26.
Os levitas disseram não ao pecado e apresentaram-se diante
de Moisés, o representante do Eterno. Por essa razão foram recompensados com
estes censos nos quais foram contados um a um de uma forma especial.
Além disso, receberam cargos importantes na tenda da
reunião. Isto ensina-nos que todo aquele que entrega
a sua vida ao Eterno,
receberá um ou vários cargos
importantes na sua vida.
Nós nascemos para servir ao Eterno. Se não nos apresentamos diante
dEle quando todo o
mundo caminha na direcção contrária, não poderemos ser contados entre
os “justos”. Tampouco poderemos cumprir o propósito que
YHWH tem para a nossa vida.
Somos importantes para Ele e Ele tem uma missão muito
especial para cada um de nós. Busquemo-lo e vivamo-lo, e assim nunca cairemos,
como está escrito em 2 Pedro 1:10:
“Portanto, irmãos, procurai
fazer cada vez mais firme
a vossa vocação
e eleição; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis”.
Terceira Leitura: 5:1-10
5:2 Ordena aos
filhos de Israel
que lancem fora
do arraial a todo leproso,
e a todo o que padece
fluxo, e a todos os imundos por causa de contacto com algum morto.
Estes três tipos de impureza ritual, levam a um isolamento
do acampamento de Israel. Segundo Rashí, cada impureza corresponde aos três
acampamentos; o acampamento da shechiná, o acampamento dos levitas e o acampamento do resto das tribos de
Israel.
Aquele que tivesse tsaráat (lepra), tinha que viver foram dos 3 acampamentos, cf. Levítico
13:46.
Aquele que tivesse uma enfermidade no seu aparelho
reprodutor, em hebraico “zav”, cf. Levítico 15, não podia estar no acampamento dos levitas ou da shechiná,
mas sim no acampamento dos israelitas.
Aquele que tinha tocado um morto não podia entrar no
tabernáculo, mas podia sim estar nos dois outros acampamentos.
5:7 E confessará o pecado que fez; então, restituirá pela sua culpa segundo a soma
total, e lhe acrescentará o seu quinto,
e o dará àquele contra
quem se fez culpado.
A restituição é uma parte da teshuvá,
o arrependimento. Se não há restituição do dano feito às
pessoas, não se dá um arrependimento completo. Se não é possível restituir o dano, há que fazer tudo o que está ao nosso
alcance, para que se faça uma restituição acrescida com 20% de aumento, como
está escrito em Lucas 19:8-9:
“E, levantando-se Zakai,
disse ao Senhor:
Senhor, eis que eu dou aos pobres
metade dos meus bens;
e, se em alguma coisa
tenho defraudado alguém,
o restituo quadruplicado.
E disse-lhe Yeshua:
Hoje, veio a salvação a esta casa,
pois também este
é filho de Abraão”.
A salvação tinha vindo à casa de Zakai e por isso ele
estava disposto a restituir o dano económico que tinha feito contra as pessoas,
inclusivamente dar mais do que aquilo que tinha tirado.
As evidências de que a salvação tinha chegado à sua casa é
que ele estava a devolver o que tinha tirado.
Se não devolvemos aquilo que tiramos e restituímos o dano que causámos
a outras pessoas, segundo todas as nossas possibilidades, não há arrependimento
na nossa vida e a salvação não chega até nós.
Não nos desculpemos com a ideia de que tudo se tornou novo
no Messias, para não assumirmos a responsabilidade de restituir as pessoas, pelo dano que lhes causámos
antes de nos entregarmos ao Messias Yeshua.
O caminho da salvação passa pelo arrependimento. Podemos
dividir a conversão em sete passos, e os sete passos de uma conversão completa
são:
- Reconhecimento do pecado, cf. 2 Samuel 12:13;
- Sentimento de remorso, cf. Jeremias 8:6
- Confissão aberta ao Eterno e aos homens, cf. Josué 7:19; 1 João 1:9; Tiago 5:16; Actos 24:14
- Pedir perdão ao Eterno e aos homens, cf. Salmo 25:11; Lucas 15:18;
- Determinação em mudar, cf. Provérbios 28:13.
- Restituição do dano, cf. Números 5:7; Êxodo 22:1-15; 2 Samuel 21:3;
- Ser fiel nas provações a que estamos sujeitos, o que fará de nós fortes, cf. Génesis 31:7; Números 14:22; Tiago 1:3, 12.
Neste
versículo encontra-se aquele que é considerao um dos 613 mandamentos do
judaísmo rabínico, que diz que devemos confessar o pecado cometido.
Quarta Leitura: 5:11 – 6:27
5:12 Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando
a mulher de alguém se desviar
e lhe for infiel.
A palavra hebraica que foi traduzida como “desviar”
é “tisté”, que vem da raiz “satá” que significa “descarrilar”, “desviar”. Desta
deriva a palavra sotá “a desviada”, que é o nome de um tratado do Talmude que aborda esse
assunto. Este vs. mostra que
a infidelidade origina um desvio do caminho
da verdade traçado
pelo Eterno.
5:13 de maneira
que algum homem
se tenha deitado
com ela, e for oculto
aos olhos de seu marido,
e ela o tiver ocultado,
havendo-se ela contaminado, e contra ela não houver
testemunha, e não for surpreendida em flagrante,
O Talmude ensina que a “água da amargura” só é aplicável quando uma mulher se oculta em segredo com outro homem durante o tempo suficiente que permita uma relação sexual com ele. Se forem descobertos ou se ela tiver sido violada, não seria necessário usar este método.
5:15 Então, esse homem trará
a sua mulher perante o sacerdote e juntamente
trará a sua oferta por ela: uma
décima de efa de farinha
de cevada, sobre
a qual não deitará
azeite, nem sobre
ela porá incenso,
porquanto é oferta
de manjares de ciúmes, oferta
memorativa, que traz
a iniquidade à memória.
A cevada é a farinha mais barata, e normalmente era
utilizada para os animais. Este é o primeiro dos cereais a serem colhidos,
quando inicia o ano, no mês de aviv.
5:18 Apresentará a mulher perante
YHWH e soltará a cabeleira
dela; e lhe porá
nas mãos a oferta memorativa de manjares, que é a oferta de manjares dos ciúmes. A água amarga,
que traz consigo
a maldição, estará
na mão do sacerdote.
Aqui está escrito que o sacerdote tem que descobrir a
cabeça da mulher. Isto mostra que uma mulher casada deve andar em lugares
públicos com a cabeça coberta, e é uma vergonha para uma mulher casada
descobrir o seu cabelo em público, como lemos em 1 Coríntios 11:5-16:
“Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra
a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada.
Portanto, se a mulher não se cobre
com véu, tosquie-se também.
Mas, se para a mulher
é coisa indecente tosquiar-se ou rapar-se, que ponha o véu.
O varão, pois,
não deve cobrir
a cabeça, porque
é a imagem e glória
de Deus, mas a mulher é a glória
do varão. Porque
o varão não provém da mulher, mas
a mulher, do varão. Porque também o varão não
foi criado por
causa da mulher,
mas a mulher, por causa do varão. Portanto, a mulher deve
ter sobre a cabeça sinal
de poderio, por
causa dos anjos. Todavia, nem o varão é sem a mulher,
nem a mulher, sem o varão, no Senhor.
Porque, como a mulher
provém do varão,
assim também o varão provém
da mulher, mas tudo vem de Deus. Julgai entre vós
mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta? Ou não vos ensina a mesma natureza
que é desonra para o varão ter cabelo
crescido? Mas ter a mulher
cabelo crescido lhe é honroso,
porque o cabelo
lhe foi dado
em lugar de véu. Mas, se alguém quiser
ser contencioso, nós não temos
tal costume, nem
as igrejas de Elohim”.
5:21b-22a YHWH te ponha por maldição e por juramento entre o teu povo,
fazendo-te YHWH descair a coxa e inchar o
ventre, e esta água amaldiçoante
entre nas tuas entranhas, para te fazer
inchar o ventre
e te fazer descair a coxa.
Duas vezes se mencionada que a coxa descaia e que inche o
ventre. Segundo o Talmude e Rashí, a primeira vez, que começa com o descair da
coxa, refere-se à mulher, e na segunda vez, que começa com o inchar
o ventre, refere-se ao homem com quem a mulher
praticou adultério. Também ele sofreria as mesmas consequências da maldição
quando a mulher bebesse da água da amargura.
5:23 Depois, o sacerdote escreverá estas mesmas maldições num livro e com a água amarga as apagará.
Apesar da proibição
de apagar o Nome do Eterno, neste caso Ele permite que o Seu Nome
seja apagado para proporcionar a paz entre o casal. Tão importante é o
matrimónio para o Eterno que Ele está disposto
a permitir inclusivamente que o Seu Nome seja apagado para que haja ordem na família, como está
escrito em Hebreus 13:4:
“Digno de
honra entre todos seja o matrimónio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros”.
A proibição
de apagar o Nome do Eterno encontra-se em Deuteronómio 12:3-4,
onde está
escrito:
“deitareis abaixo
os seus altares,
e despedaçareis as suas colunas,
e os seus postes-ídolos queimareis, e despedaçareis as imagens esculpidas dos seus deuses,
e apagareis o seu
nome daquele lugar. Não fareis assim para com YHWH, vosso Elohim”.
5:31 O homem será livre
da iniquidade, porém
a mulher levará
a sua iniquidade.
Este versículo pode ser entendido de várias maneiras. Em
primeiro lugar ensina-nos que se o homem não denuncia o pecado da sua mulher,
ele levará a culpa por causa dela. Por trás de tudo isto há um conceito de
colectividade que ensina que se um membro do corpo peca, todo o corpo é culpado
diante do Eterno. Como o homem denunciou a sua esposa, ele fica livre da
responsabilidade do pecado dela. Caso ele não o fizesse, carregaria parte da
responsabilidade desse pecado.
Consequentemente, não se dá a água da amargura a uma mulher
que tenha confessado o seu pecado. Só se dá a uma mulher suspeita que se nega a
confessar o seu pecado. A lei da sotá é só para aquela que não confessa
o seu pecado ou quando
o marido tem suspeitas
infundadas da sua mulher.
Será que entendemos realmente aquilo que implica uma culpa
colectiva? Se somos um corpo onde há pecadores, somos parte dos seus pecados, e
sofreremos parte das consequências dos pecados que estão no corpo. Portanto, há
que combater o pecado dentro do corpo de um colectivo, para que os demais não
sejam afectados, como está escrito: “um pouco de levedura, leveda toda a
massa”, e “expulsai
o mal de
entre vós”, e “sai
do meio dela para que não sejas participante
dos seus pecados”,
cf. Deuteronómio
13:5; 17:7, 12; 21:21; 22:21;
1 Coríntios 5:6, 13; Gálatas
5:9; Apocalipse 18:4.
A segunda interpretação deste texto, é que o homem não deve
sentir-se culpado por ter provocado a morte da sua esposa adúltera ao acusá-la
perante o sacerdote.
A terceira forma de entender este texto, é que o marido
pode continuar a viver com a sua esposa depois do sacerdote lhe ter dado a
água. Antes do exame o que é proibido que o marido tenha relações com ela,
depois não.
6:2 Fala aos filhos
de Israel e dize-lhes: Quando
alguém, seja homem
seja mulher, fizer voto especial, o voto de nazireu, a fim de consagrar-se para
YHWH,
Há um contraste entre o capítulo
5 e o capítulo 6. No capítulo
5 fala-se de uma pessoa que
não consegue controlar os seus desejos e no capítulo 6 fala-se de uma pessoa
que consegue.
A mulher adúltera não controlou as suas emoções, e o
nazireu, homem ou mulher, faz um voto especial para controlar as suas emoções
e abster-se de certos privilégios da vida para assim demonstrar a sua devoção e
entrega ao Eterno.
O nazirado é algo que o Eterno desperta em certas pessoas,
homens ou mulheres, como está escrito em Amós 2:11:
“Dentre os vossos filhos, suscitei profetas e, dentre os
vossos jovens, nazireus. Não é isto assim, filhos de Israel? – diz YHWH”.
O profeta diz que YHWH levantou nazireus.
Em alguns dos jovens pôs o desejo de dedicar- se de uma forma especial a Ele e,
a outros, designou como nazireus desde o nascimento, como foi o caso de Sansão,
como está escrito em Juízes 13:5:
“porque
eis que tu conceberás e darás à luz um filho sobre cuja cabeça não passará navalha;
porquanto o menino será nazireu consagrado a Elohim desde o ventre de sua mãe;
e ele começará a livrar a Israel do poder dos filisteus”.
É provável que também o profeta Samuel tenha sido um
nazireu durante toda a sua vida, cf. 1 Samuel 1:11:
“E fez um voto, dizendo: YHWH dos Exércitos, se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva te não esqueceres, e lhe deres
um filho varão, a YHWH o darei por todos os dias da sua vida,
e sobre a sua cabeça
não passará navalha”.
Também o apóstolo Paulo fez um voto de nazireu em Cencréia, cf. Atos 18:18:
“E Paulo,
ficando ainda ali
muitos dias, despediu-se dos irmãos
e dali navegou para a Síria
e, com ele, Priscila e Áquila, tendo rapado a cabeça em Cencréia, porque tinha voto”.
Temos outro exemplo do voto
de nazireu em Atos
21:23-27:
“Faze, pois,
isto que te dizemos: temos
quatro varões que fizeram voto.
Toma estes contigo, e santifica-te com eles,
e faze por eles os gastos para
que rapem a cabeça, e todos ficarão sabendo que nada há daquilo de que foram informados acerca
de ti, mas que também tu
mesmo andas guardando a lei.
Todavia, quanto aos que crêem
dos gentios, já nós havemos escrito e achado por bem que nada disto
observem; mas que só se guardem do que se sacrifica aos ídolos, e do sangue,
e do sufocado, e da prostituição. Então,
Paulo, tomando consigo
aqueles varões, entrou, no dia seguinte, no templo, já santificado com eles,
anunciando serem já cumpridos os dias da purificação; e ficou ali até se oferecer em favor
de cada um deles a oferta.
Quando os sete dias estavam
quase a terminar, os judeus da Ásia, vendo-o no templo, alvoroçaram todo o povo e lançaram mão dele”,
A palavra hebraica que é traduzida como nazireu, é
nazir,
que significa “apartado”, “separado”. Vem da raiz “nazar” que
significa “abster”, “separar”,
“consagrar”. O verbo “nazar” que aparece neste mesmo
versículo, foi traduzido
como “consagrar-se”. Rashí entende a última parte
desta forma: com o propósito de abster-se (do vinho) para
o Eterno”.
6:3 de vinho e de bebida
forte se apartará; vinagre de vinho
ou vinagre de bebida
forte não beberá; nem beberá alguma
beberagem de uvas; nem uvas frescas nem secas comerá.
A mesma palavra “nazar” aparece neste versículo. Foi
traduzida como “se apartará”. Um nazireu não pode tocar em nada que venha do fruto da vide.
6:4 Todos os dias do seu nazireado não comerá de coisa alguma
que se faz da
vinha, desde as sementes até às cascas.
A palavra hebraica que foi traduzida como “nazireado” é “nezer” que vem da mesma raiz que já vimos anteriormente que significa “abstenção”,
“separação”, “dedicação”, “consagração”. O diadema utilizado pelo sumo-sacerdote
era chamado “nezer hakodesh”, “coroa
de santidade” cf. Êxodo 39:30.
O nazireu tem um sinal, uma marca sobre a sua cabeça, um
sinal de separação para YHWH. Isto ensina-nos que há uma relação entre o
sumo-sacerdote e o nazireu, e o sinal da sua consagração sobre a sua cabeça. O
nazireu tem o mesmo nível de santidade que um sumo-sacerdote.
Como tal, qualquer homem ou mulher tem a opção para se
dedicar ao Eterno e chegar ao mesmo nível de santidade que o sumo-sacerdote.
Portanto, não existindo templo, não se pode fazer um voto de nazireu.
Em Juízes 14:5
está escrito: Desceu, pois,
com seu pai e sua
mãe a Timna; e, chegando às vinhas de Timna,
eis que um leão novo, bramando, lhe saiu ao encontro.
As vinhas de Timan, lembravam a Sansão o seu chamado de
nazireu. Também lhe recordava a sua infância e o seu isolamento social.
Sansão não podia participar nas festas
das vindimas durante toda a sua infância.
Essas festas eram momentos de alegria para todo o povo,
quando pisavam as uvas entre o povo. Todos os seus companheiros disfrutavam e
brincavam, mas ele tinha que estar à parte, separado, porque era proibido tocar
nas uvas.
Como se sentiria Sansão? O nazireado leva a um isolamento
social porque o vinho é uma parte importante da cultura bíblica. Em todas as
festas, o povo de Israel, usava vinho, exceptuando o Yom Kipur (Dia da
Expiação), que por si só não é considerado uma festa, mas sim um dia de
introspecção, jejum e oração. Toda a missão divina exige sacrifícios e a
negação de certos caprichos naturais.
6:14 Ele apresentará a sua oferta
a YHWH, um cordeiro de um ano, sem defeito, em holocausto, e uma cordeira de um ano,
sem defeito, para oferta pelo
pecado, e um carneiro, sem defeito, por oferta pacífica.
Por que razão se deve apresentar um sacrifício pelo pecado
depois de terminar o nazireado? Segundo uma interpretação apresentada no
Talmude, o seu pecado consiste em não disfrutar de uma parte da criação que
YHWH deu ao homem para o seu benefício.
Não corroboramos a ideia do Talmude, apesar de concordarmos que YHWH criou
tudo para o nosso benefício, e
ao não fazê-lo, estamos a falhar o propósito, como está escrito em 1 Timóteo 6:17:
“Exorta aos ricos do
presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus,
que tudo nos
proporciona ricamente para
nosso aprazimento”.
Segundo o nosso entendimento, a oferta pelo pecado feita por um nazireu, deve-se
ao facto de que todo o homem
peca, devido ao pecado original de Adão, mesmo aqueles que exerceram o cargo
terreno de sumo-sacerdote, bem como todos os que fizeram voto de nazireu.
O texto de Actos 21, ensina-nos que o apóstolo
Paulo planeava fazer sacrifícios, inclusive sacrifícios pelo pecado no templo,
depois da ressurreição de Yeshua. Os sacrifícios de animais não foram anulados
pelo Messias.
Até que os céus e a terra passem, as leis dos sacrifícios
continuam vigentes. Depois do milénio, haverá uma mudança importante, quando o ministério levítico desaparecerá, como está escrito em Hebreus 8:13:
“Quando ele diz Nova, torna antiquada a primeira. Ora,
aquilo que se torna antiquado e envelhecido está prestes a desaparecer”.
6:22-27 Disse YHWH a Moisés:
Fala a Arão e a seus filhos,
dizendo: Assim abençoareis os filhos de Israel e dir-lhes-eis: YHWH
te abençoe e te guarde; YHWH faça resplandecer o rosto sobre
ti e tenha misericórdia de ti; YHWH
sobre
ti levante o rosto e te dê a paz.
Assim, porão o meu nome
sobre os filhos
de Israel, e
eu os abençoarei.
Esta bênção
é chamada “Birkat kohanim” que traduzido literalmente significa “bênção dos sacerdotes”. A
Torá ensina a todo o sacerdote a abençoar os filhos de Israel.
Quinta Leitura 7:1-41
7:1 No dia em que Moisés acabou
de levantar o tabernáculo, e o ungiu,
e o consagrou e todos os seus
utensílios, bem como o altar e todos os seus pertences,
Esta passagem deveria estar depois de Levítico 8:11, caso a Torá tivesse sido escrito por ordem cronológica. É apresentada
aqui relativamente aos serviços dos filhos de Levi, porque os carros oferecidos pelos líderes, foram entregues aos filhos de Levi para os ajudar no transporte de materiais
necessários aos trabalhos.
Contudo, os filhos de Kehat não tiveram ajuda com carros
para levar as coisas do tabernáculo, porque tinham que levar as coisas sagradas
sobre os ombros. Daqui aprendemos que o corpo humano tem um nível de santidade
superior às coisas materiais.
7:5 Recebe-os deles, e serão destinados ao serviço da tenda da congregação; e os darás aos levitas, a cada um segundo o seu serviço.
O Eterno não recebe uma oferta de todo o tipo. Não havia a
certeza de que estas ofertas pudessem ser aceites, por isso o Eterno dá o aval
no sentido de mostrar que podem ser aceites.
Por exemplo, pode receber-se o dízimo do trabalho de uma
prostituta? Ou de um trabalho sujo? É lícito aceitar ofertas de pessoas
corruptas? Se o Eterno não aceita todo o tipo de ofertas, devemos fazer ou não
fazer o mesmo nas nossas congregações?
Em Deuteronómio 23:18 está escrito: “Não trarás salário de prostituição nem preço de sodomita à Casa de YHWH, teu Elohim, por qualquer voto;
porque uma e outra coisa
são igualmente abomináveis a YHWH, teu
Elohim”.
7:9 Mas aos filhos de Coate nada deu, porquanto a seu cargo
estava o santuário, que
deviam levar aos ombros.
Daqui aprendemos que o nível da carga varia conforme o nível de
santidade.
7:10 Ofereceram os príncipes para a consagração do altar, no dia em que foi ungido; sim, apresentaram a sua oferta perante o altar.
Os líderes têm sempre que dar mais do que os demais.
Um líder tem que sacrificar mais do que o povo.
As pedras preciosas do peitoral do juízo vinham dos líderes. Para ser um líder há que estar disposto a sofrer
mais, sacrificar mais, orar mais, vigiar mais, dar mais de si mesmo e privar-se
de benefícios que os demais podem disfrutar.
Neste capítulo há uma repetição que tende a aborrecer ao
leitor. Por que razão YHWH especifica a oferta de cada um, sendo que todos
oferecem o mesmo? Não teria sido mais simples mencionar apenas o primeiro e
dizer que os demais ofereceram o mesmo?
Há uma explicação bastante interessante para isso. A oferta
de cada um é mencionada com o mesmo entusiasmo porque todos têm a mesma
importância. O último na fila recebe a mesma honra e atenção que o primeiro. A
atitude do Eterno sobre aquele que oferece, não muda. Não se cansa de receber um atrás do outro, dia após dia. Se apenas o primeiro fosse destacado, como se iriam
sentir os outros?
A Sua alma não é como a alma dos homens, que facilmente se acostuma e não dá a mesma atenção aquele que necessita quando
há uma repetição constante.
Uma pessoa que passou por momentos de escassez, tem um maior sentimento de gratidão
no momento de receber algo, do que uma pessoa que sempre teve tudo em
abundância. Aquele que sempre teve tudo o que quis, não valoriza as coisas como
aquele que nunca as teve.
A gratidão pela comida, deve ser a mesma todos os dias Não
devemos dar nada por adquirido ou conseguido, nem podemos exigir nada. Não é um
direito poder comer bem todos os dias, é sim uma graça divina. Se comemos a
mesma comida duas vezes ou dois dias seguidos, será que temos a mesma gratidão
que tivemos na primeira vez que comemos?
YHWH não se cansou das ofertas dos líderes, e considerou
cada um deles igual, mencionando as suas gratificações, detalhadamente,
escrevendo-as na Torá para toda a eternidade,
para mostrar a todo o mundo ao longo dos séculos, o quanto ele se agradou
de cada um destes líderes e das duas ofertas, porque tinham sido dadas
com corações dedicados a Ele. Esse é o principal motivo pelo qual todos são
mencionados, sem abreviações.
Como tal, ao ler este texto, não devemos saltar as
palavras, porque estaríamos a menosprezar algo que o nosso Pai celestial honra!
Sexta Leitura:
7:42-71
7:48 No sétimo
dia, chegou o príncipe dos filhos de Efraim, Elisama,
filho de Amiúde.
Daqui aprendemos que mesmo no shabat, não deixaram de vir com estas
ofertas.
O líder da tribo de Judá deu a sua oferta no primeiro dia, cf. v.12, e o líder da tribo de Efraim
no sétimo dia. Se comparamos os dias com os meses, podemos concluir que a Judá
teria uma atenção especial no primeiro mês, e Efraim no sétimo mês.
O Messias Yeshua visitou o povo judeu de uma maneira
especial no primeiro mês, ao ser ele mesmo o cordeiro sacrificado no primeiro
mês, em Pêsach (páscoa). Na sua segunda vinda, Efraim, que é a cabeça das dez
tribos perdidas, voltará a casa, tal qual filho pródigo que volta a casa
arrependido, e por isso haverá festa, cf. Lucas 15:11-32.
Este texto também nos ensina que é necessário uma dedicação
diária ao Eterno. Na festa tradicional de Hannuká, celebrada por alguns grupos
judaicos, é lido o texto de Números 7:1 – 8:4 como memória da dedicação do altar.
Cada dia devemos
dedicarmo-nos ao Eterno.
Fazemos um sacrifício de nós mesmos
todas as manhãs em oração – esse é o nosso sacrifício da manhã, no qual nos apresentamos ao Pai celestial como sacrifício vivo.
7:49 A sua oferta
foi um prato de prata,
do peso de cento e trinta siclos,
uma bacia de prata, de setenta siclos,
segundo o siclo do santuário; ambos cheios de flor de farinha, amassada
com azeite, para oferta de manjares;
O prato e a bacia de prata representam o nosso dinheiro. A
farinha e o azeite representam o
nosso trabalho.
7:50 um recipiente de dez siclos de ouro, cheio de incenso;
O recipiente de ouro, representa os nossos bens materiais que mais valorizamos. O incenso representa
o nosso conhecimento e as nossas orações e louvores.
7:51
um novilho, um carneiro, um cordeiro de um ano, para
holocausto;
O
novilho representa o nosso corpo, o carneiro representa a nossa alma e o
cordeiro representa o nosso espírito.
7:52 um bode, para oferta pelo
pecado;
O
bode representa o nosso yetser
hará, a nossa inclinação natural para o mal. Tudo isto
entregamos a YHWH todos os dias como um sacrifício agradável diante do seu
trono.
7:66 No décimo
dia, chegou o príncipe dos
filhos de Dã,
Aiezer, filho de Amisadai.
Dan significa “aquele que julga”. Aqui temos uma relação entre o dia 10
e o
juízo do Yom Kippur, que é a dia
10 do sétimo mês, quando o pecado é condenado para sempre e a justiça eterna é
estabelecida em toda a criação.
Sétima
Leitura: 7:72-89
7:89 Quando entrava
Moisés na tenda da congregação para falar com YHWH,
então, ouvia a voz que
lhe falava de cima do propiciatório, que está sobre
a arca do Testemunho entre os dois querubins; assim
lhe falava.
Moisés tinha entrada livre no santo dos santos. Esse é o
lugar de encontro, no mais íntimo do
nosso ser. Na dedicação diária devemos entrar no lugar santíssimo no
tabernáculo celestial, através do Messias Yeshua, para estar a sós com o nosso
amado Pai e escutar as suas palavras de sabedoria.
Fim da Parashá 35- Nasó
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