quarta-feira, 24 de junho de 2020

Nefilins ou gigantes, verdade ou mito?

 

1.  Definição etimológica לים לי ם e נְפינְפ Gn 6.4: נפל; SamP (an-) nēfīləm; MHeb. e ;נפילי בש gigante1: o Aramaico relata נְפילא , monstro, bebê deformado 

2. נפל MHeb relata o tronco hifil e Aramaico conjuga o sentido de abortar: gigantes, resultantes de abortos espontâneos ou arremessado para baixo do céu (Koehler Mensch 38) o qual contrasta com H. Gese Vom Sinai zum Zion (1974):110: aqueles que caíram heroicamente em uma batalha, os primeiros habitantes da Palestina eram gigantes conforme Nu 13.33 (glossa, que os liga  com  o  vocábulo  ענָקים,  Fitzmyer  Gen Ap 2  81),  com  uma  origem  mítica  Gn  6.4,  a Septuaginta relata o vocábulo γίγαντες3 como também outras fontes.נָפיל pl. נְפילים. A etimologia da palavra é incerta. Alguns compararam Siِş:َ   , ُ¾²iَِ   ş:َ  ,

que Gigantes, grande, grande no corpo; mas isso é incorreto; pois significa, excelente, nobre, hábil. Os intérpretes hebreus e Áquila registram o vocábulo ἐπιπίπτοντες com os

seguintes  significados:  cair  sobre,  ataque,  de  modo  que  נָפיל  é  de  significação

intransitiva. Aqueles que usaram para interpretar a passagem do Gênesis da queda dos anjos estavam acostumados a utilizar נפילים, com os significados de rebeldes, apóstatas.5

 

2.  Conceito nos apócrifos.

 

Nos escritos apócrifos do período do segundo templo esta narrativa fragmentária foi elaborado e reinterpretado como sendo os anjos que se rebelaram contra Deus, atraídos pelos encantos das mulheres, contaminado assim a sua pureza celeste. Sua prole de gigante eram maus e violentos; o Dilúvio foi ocasionado pela sua pecaminosidade.6

Devido à sua má natureza, Deus decretou que os Nefilins fossem exterminados, embora, de acordo com outro ponto de vista a maioria deles pereceu no Dilúvio. Uma versão afirma que os espíritos malignos se originaram a partir dos corpos dos gigantes mortos. Estes gigantes, ou seus descendentes, são identificados como Nefilins em algumas obras consideradas apócrifas.7

 

 

 

 


segunda-feira, 8 de junho de 2020

Parashá 36- BeHaalotchá (ao colocares)

Cópia somente autorizada para fins não lucrativos.



 

Parashá 36- BeHaalotchá (ao colocares)

(Números 8:1 12:16)

Referência nos Profetas: Zacarias 2:14; 4:7.

Referência nos Escritos Apostólicos: 1 Coríntios 10:6-13

Salmo complementar: 68

 

NOTAS:

 

Todas as midrashimbem como os comentários de rabinos, indicados nesta parashá, são apresentados apenas a título de curiosidade, como tal não devem de modo algum ser comparadas aos mandamentos da Torá revelada pelo Eterno a Mosheh e que este escreveu para todas as gerações (chumash). Um dos nossos lemas de fé é não ir além daquilo que está escrito, como tal, a menção às midrashim e a comentários de rabinos são apenas a título indicativo para dar uma visão geral sobre como interpretam os rabinos determinados textos.

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Porção Semanal da Torá: 36- BeHaalotchá (de Levítico 19:1 20:27)

 

Significa ao colocaresou “quando fizeres subir”.

 

Primeira Leitura: 8:1 14

 

8:1-2 "E falou YHVH a Mosheh, dizendo: Fala a Arão, e dize-lhe: Quando acenderes as lâmpadas, as sete lâmpadas iluminarão o espaço em frente do candelabro.”

Por que razão aparece o contexto da menorá (candelabro) justamente após o relato das ofertas dos líderes das doze tribos? Qual a relação entre ambas?

 

A tribo de Levi não tinha participado nas ofertas dos líderes de cada tribo. Por isso a Torá continua a falar do ministério de Arão para assim incluí-lo entre os demais.

 

Behaalotchá, o nome da Parashá desta semana, significa literalmente  “quando  fizeres  subir”, referindo-se às chamas de fogo do candelabro que que fazer subir, ou seja, fazer com que arda. Também se interpretou deste texto que Arão deveria subir a uma plataforma com escadas para poder acender as lâmpadas.

 

8:7 “E assim lhes farás, para os purificar: Esparge sobre eles a  água da  expiação; e sobre toda a sua carne farão passar a navalha, e lavarão as suas vestes, e se purificarão.”


A navalha representa a Torá que passa pela carnalidade (a nossa tendência para praticar o mal (yetser hará) ), e prepara-nos para poder servir ao Eterno de forma eficaz. Deixaremos que essa navalha passe sobre a nossa carne? Que o Eterno assim o permita.

 

Em Hebreus 4:12 está escrito:

 

“Porque a palavra de D’us é viva e  eficaz, e  mais  penetrante  do que  espada  alguma  de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do Ruach, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração.”

 

Em 2 Timóteo 3:16-17 está escrito:

 

“Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de D’us seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.”

 

8:9-10 “E farás chegar os levitas perante a tenda da congregação e ajuntarás toda a congregação dos filhos de Israel. Farás, pois, chegar os levitas perante YHVH; e os filhos de Israel porão as suas mãos sobre os levitas.”

Toda a congregação de Israel estava presente no momento da instituição dos levitas com a imposição das mãos. Contudo, nem todos os 600 mil varões podiam impor as mãos sobre os levitas, porque seriam demasiados varões por levita, mas a Torá apresenta este acto como se todos o tivessem feito.

 

Possivelmente foram os anciãos ou os primogénitos ou mesmo os líderes da cada tribo, os que fisicamente puseram as mãos sobre os levitas em representação do resto do povo.

 

A cerimónia de imposição das mãos indica aqui três coisas:

 

1.                    Unidade- Pela imposição das mãos há uma manifestação de unidade entre o que impõe as mãos e aquele que é o alvo de imposição das mãos. Neste caso houve uma unidade entre o povo e os levitas.

 

2.                    Representação- Ao impor as mãos sobre alguém, é com o motivo de delegar a autoridade para uma representação. Este texto diz que todos os filhos de Israel tinham que pôr as mãos sobre os levitas. Portanto, os levitas representariam todos os filhos de Israel, não somente os primogénitos.

 

Como, os primogénitos já representavam todo o povo. Essa representação foi passada aos levitas quando substituíram os primogénitos. No Salmo 136:10 está escrito: “O que feriu o Egipto nos seus primogénitos”.


Isto ensina-nos que, simbolicamente, todos os homens do Egipto foram feridos nos primogénitos. Em vez de ferir todos os egípcios, YHVH atacou todos os primogénitos. Isto mostra-nos que os primogénitos representam todo o povo. Portanto os levitas, que por sua vez, substituíram os primogénitos, representam todo o povo de Israel.

 

3.                    Sacrifício- Da mesma forma que há imposição de mãos sobre um sacrifício antes que seja degolado, agora se impõe as mãos sobre os levitas, para que sejam entregues a YHVH.

Os versículos 16 e 19 dizem que os levitas foram dados primeiro a YHVH e logo a Arão e os seus filhos. Os filhos de Israel puseram as suas mãos sobre os levitas para que fossem oferecidos como um sacrifício ao Eterno.

No ministério de Melquisedeque todos poderão oferecer os seus corpos em sacrifício vivo, como lemos em Romanos 12:1:“Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de D’us, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a D’us, que é o vosso culto racional.”

Romanos 15: 16 “Que seja ministro do Messias Yeshua para os gentios, ministrando o evangelho de D’us, para que seja agradável a oferta dos gentios, santificada pelo Ruach de Santidade.”

 

Filipenses 2:17: “E, ainda que seja oferecido por libação sobre o sacrifício e serviço da vossa fé, folgo e me regozijo com todos vós.”

 

2 Timóteo 4:6: Porque eu estou sendo oferecido por aspersão de sacrifício, e o tempo da minha partida está próximo.”

8:11-21: “Arão oferecerá os levitas por oferta movida, perante YHVH, pelos filhos de Israel; e serão para servirem no ministério de YHVH. E os levitas colocarão as suas mãos sobre a cabeça dos novilhos; então sacrifica tu, um para expiação do pecado, e o outro para holocausto a YHVH, para fazer expiação pelos levitas. E porás os levitas perante Arão, e perante os seus filhos, e os oferecerá por oferta movida a YHVH. E separarás os levitas do meio dos filhos de Israel, para que os levitas sejam meus. E depois os levitas entrarão para fazerem o serviço da tenda da congregação; e tu os purificarás, e por oferta movida os oferecerás. Porquanto eles, dentre os filhos de Israel, me são dados; em lugar de todo aquele que abre a madre, do primogénito de cada um dos filhos de Israel, para mim os tenho tomado. Porque meu é todo o primogénito entre os filhos de Israel, entre os homens e entre os animais; no dia em que, na terra do Egipto, feri a todo o primogénito, os santifiquei para mim. E tomei os levitas em lugar de todo o


primogénito entre os filhos de Israel. E os levitas, dados a Arão e a seus filhos, dentre os filhos de Israel, tenho dado para ministrarem o ministério dos filhos de Israel na tenda da congregação e para fazer expiação pelos filhos de Israel, para que não haja praga entre eles, chegando-se os filhos de Israel ao santuário. E assim fizeram Mosheh e Arão, e toda a congregação dos filhos de Israel, com os levitas; conforme a tudo o que YHVH ordenara a Mosheh acerca dos levitas, assim os filhos de Israel lhes fizeram. E os levitas se purificaram, e lavaram as suas vestes, e Arão os ofereceu por oferta movida perante YHVH, e Arão fez expiação por eles, para purificá-los.”

O texto aqui diz literalmente que Arão tinha que oferecer os levitas em oferta movida. Por isso um Midrash diz que Arão fez mexer todos os 22 mil levitas naquele dia como representação de uma oferta movida. Parte dos sacrifícios dos animais que foram oferecidos para a instituição dos sacerdotes, tinha que ser movido diante de YHVH, cf. Êxodo 29:24. Da mesma forma, agora os levitas tinham que ser movidos diante de YHVH, a dessa forma, constituíam uma oferta ao Eterno.

Este texto também nos ensina que para poder ser líder tem que se passar pela experiência de ser movido. Nessa experiência tudo o que existe na vida pode tremer. Aquele que não passou por este movimento não é apto para ministrar como líder diante de YHVH.

Neste mundo não há nada estável, excepto a palavra do Eterno. Portanto é necessário ter que passar por este processo de tribulação para poder aprender a confiar somente nas Palavras firmes da Rocha de Israel. Um líder tem que ser liberto da confiança nas coisas visíveis. Tudo o que é visível será movido, como lemos em Hebreus 12:26-27:

A voz do qual moveu então a terra, mas agora anunciou, dizendo: Ainda uma vez mais farei mover, não a terra, senão também o céu. E esta palavra: Ainda uma vez, mostra a mudança das coisas móveis, como coisas feitas, para que as imóveis permaneçam.”

 

O propósito de YHVH para fazer mover todas as coisas na vida do candidato para a liderança, é que permaneçam as coisas impassíveis na sua vida, para que tenha um fundamento sólido.

 

Lemos em 1 Coríntios 3:12-15: “E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo.”


 

Em 1 Coríntios 13:13 está escrito: “Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.”

 

Mateus 7:24-29 está escrito: “Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha. E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compará-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda. E aconteceu que, concluindo Yeshua este discurso, a multidão se admirou da sua doutrina; Porquanto os ensinava como tendo autoridade; e não como os escribas.”

Nas Escrituras, a areia representa os homens. Os valores produzidos pela Torá são eternos e resistem à prova. Aquele que edifica a sua vida sobre a opinião dos homens um dia perderá tudo. Aquele que edifica a sua vida sobre a Torá ensinada por Yeshua será capaz de resistir a qualquer prova nesta vida.

 

Um líder, que não passou pelo processo de tribulação, não é apto para a liderança. Não tenhamos temor da tribulação. É bom para nos ensinar que uma Rocha firme, YHVH e a sua Palavra.

 

Quando estamos a passar por tribulações fortes, muitas coisas desnecessárias caiem nas nossas vidas, caprichos, desejos que não produzem nada duradouro, motivações carnais, etc.; para que prevaleça o duradouro.

 

A tribulação serve para nos ajudar a colocar as coisas no seu lugar, para que aprendamos aquilo que realmente é importante e o que não é tão importante, desde uma perspectiva eterna.

 

Na presença do Eterno há muito movimento, uma actividade constante. Há fogo e relâmpagos, chamas e cores, cantos, vozes, ruídos e uma energia tremenda. Ao aproximarmo-nos do Eterno, recebemos parte dessa energia celestial e os nossos corpos reagem de uma forma especial. Diante de YHVH treme toda a terra e os seus habitantes, como lemos no Salmo 33:8: “Tema toda a terra a YHVH; temam-no todos os moradores do mundo.”

No Salmo 99:1 está escrito:

 

“YHVH reina; tremam os povos. Ele está assentado entre os querubins; comova-se a terra.”


Quatro vezes o texto fala do movimento dos Levitas diante do Eterno, v. 11, 13, 15 e 21. Isto ensina-nos que um líder terá que passar por muitos momentos de tribulação na sua vida para que seja aperfeiçoado para servir somente a Ele.

 

8:12 “E os levitas colocarão as suas mãos sobre a cabeça dos novilhos; então sacrifica tu, um para expiação do pecado, e o outro para holocausto a YHVH, para fazer expiação pelos levitas.”

Neste versículo encontramos a base para um ministério correcto diante de YHVH.

 

Oferta de ascensão- Todo o animal é consumido. A nossa vida pessoal não significa nada para mim, uma vez que nos entregámos totalmente para ser os propósitos do Reino.

8:14-16 “E separarás os levitas do meio dos filhos de Israel, para que os levitas sejam meus. E depois os levitas entrarão para fazerem o serviço da tenda da congregação; e tu os purificarás, e por oferta movida os oferecerás. Porquanto eles, dentre os filhos de Israel, me são dados; em lugar de todo aquele que abre a madre, do primogénito de cada um dos filhos de Israel, para mim os tenho tomado.”

Isto ensina-nos que uma pessoa dedicada a YHVH já não pertence a si mesma. Já não tem direito de dominar a sua vida. Foi apresentado diante de YHVH como um sacrifício, para não servir os seus próprios desejos, nem aos homens, sim apenas ao Eterno como lemos em 1 Coríntios 6:20:

“Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a D’us no vosso corpo, e no vosso Ruach, os quais pertencem a D’us.”

Segunda leitura, 8:15-26

 

8:15 “E depois os levitas entrarão para fazerem o serviço da tenda da congregação; e tu os purificarás, e por oferta movida os oferecerás.”

Os levitas tinham que passar pela mikvé, o banho ritual, para iniciar o seu ministério. Como vimos antes, o simbolismo desta imersão é morrer para a velha vida para ressuscitar de novo, purificado.


A partir de agora os levitas já não podem viver como antes, uma vez que morreram para a vida antiga, e a sua vida é agora dedicada ao serviço do Eterno.

8:19 “E os levitas, dados a Arão e a seus filhos, dentre os filhos de Israel, tenho dado para ministrarem o ministério dos filhos de Israel na tenda da congregação e para fazer expiação pelos filhos de Israel, para que não haja praga entre eles, chegando-se os filhos de Israel ao santuário.”

Os líderes que foram instituídos por YHVH constituem dons aos demais crentes. Neste caso, os levitas são dons do Eterno aos seus superiores, os sacerdotes. Os líderes que o Messias Yeshua põe na sua congregação são dons, como está escrito em Efésios 4:7-12:

“Mas a CHESSED foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom do Messias. Por isso       diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, E deu dons aos homens. Ora, isto-ele subiu- que é, senão que também antes tinha descido às partes mais baixas da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas. E ele mesmo deu uns para Shaliachs, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo do Messias;”

 

Este texto fala dos cinco dons ministeriais que o Messias entrega aos homens. Cada um deles representa uma parte do ministério total do Messias, v. 7.

 

Nenhum dos líderes tem todo o ministério do Messias, só uma parte. Mas juntos formam o corpo do Messias com dons ministeriais.

 

Cada ministério é um dom, dado ao povo, e cada um destes tem uma parte do ministério do Messias, segundo a CHESSED que recebera. Yeshua tem tudo, mas nenhum de nós tem o mesmo, mas sim apenas parte dele.

 

Os dons ministeriais são dados para aperfeiçoar os santos para que eles façam a obra do ministério para edificação do corpo do Messias. Observe que os santos são os que fazem a obra, dirigidos e aperfeiçoados pelos cinco dons ministeriais.

“para que não haja praga entre eles, chegando-se os filhos de Israel ao santuário” – Se os levitas não cumprem o seu ministério, os israelitas, ou os primogénitos, terão que o fazer. Mas por causa do bezerro de ouro, não lhes é possível, porque chegaria a praga sobre eles.

Por isso, ao servirem os levitas em vez dos filhos de Israel, não haverá praga entre eles.


Neste versículo menciona-se a frase “os filhos de Israel” cinco vezes. Desta forma, YHVH mostra o seu amor e carinho pelo seu povo.

8:24 “Este é o ofício dos levitas: Da idade de vinte e cinco anos para cima entrarão, para fazerem o serviço no ministério da tenda da congregação;”

Em Números 4:3 fala-se de 30 anos. Rashí diz que estiveram cinco anos a preparar-se para poder entrar plenamente no ministério. Foi uma aprendizagem de cinco anos.

Terceira leitura: 9:1-14

 

9:1 “E falou YHVH a Mosheh no deserto de Sinai, no ano segundo da sua saída     da terra do Egipto, no primeiro mês, dizendo:”

 

No primeiro versículo de Números está escrito que o Eterno falou com Mosheh no primeiro dia do segundo mês do segundo ano depois da saída do Egipto.

Aqui está escrito que YHVH falou a Mosheh no primeiro mês do segundo ano. Isto mostra- nos que a Torá nem sempre narra as coisas por ordem cronológica. Se fosse escrita por ordem cronológica o capítulo 1 deveria vir depois do capítulo 9.

9:2 “Celebrem os filhos de Israel a páscoa a seu tempo determinado.”

Segundo Rashí, isto significa que o sacrifício de Pêssach deve ser feito no tempo determinado, mesmo que o dia catorze do primeiro mês caia a um Sábado.

9:5 “Então celebraram a páscoa no dia catorze do primeiro mês, pela tarde, no deserto de Sinai; conforme a tudo o que YHVH ordenara a Mosheh, assim fizeram os filhos de Israel.”

Esta foi a única vez que celebraram a Páscoa no deserto. Rashí considera que foi uma vergonha para os filhos de Israel não celebrar a Páscoa (Pêssach) mais do que uma vez durante os 40 anos. Como os filhos de Israel não circuncidaram os seus filhos no deserto não podiam celebrar Pêssach, cf. Josué 5.

Quarta Leitura 9:15 10:10

9:15-20 “E no dia em que foi levantado o tabernáculo, a nuvem cobriu o tabernáculo sobre a tenda do testemunho; e à tarde estava sobre o tabernáculo com uma aparência de fogo até à manhã. Assim era de contínuo: a nuvem o cobria, e de noite havia aparência de fogo. Mas sempre que a nuvem se alçava de sobre a tenda, os filhos de Israel partiam; e no lugar onde a nuvem parava, ali os filhos de Israel se acampavam. Segundo a ordem de YHVH, os filhos de Israel


partiam, e segundo a ordem de YHVH se acampavam; todos os dias em que a nuvem parava sobre o tabernáculo, ficavam acampados. E, quando a nuvem se detinha muitos dias sobre o tabernáculo, então os filhos de Israel cumpriam a ordem do YHVH, e não partiam. E, quando a nuvem ficava poucos dias sobre o tabernáculo, segundo a ordem do YHVH se alojavam, e segundo a ordem do YHVH partiam.”

 

A nuvem, foi o meio que o Eterno usou para dirigir o povo. Olhando para a nuvem, eles podiam saber quando tinham que se movimentar, e quando, e onde tinham que acampar. Isto criou uma dependência total da nuvem, porque não se sabia quando tinham que seguir viagem nem quando tinham que acampar.

 

Da mesma forma, vive aquele que é conduzido pelo Ruach do Eterno, não sabe de onde vem, nem onde vai, como está escrito em João 3:8:

 

“O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas  não  sabes de  onde  vem,  nem para  onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Ruach.

 

“Porém, outras vezes a nuvem ficava desde a tarde até à manhã, e  quando  ela  se  alçava pela manhã, então partiam; quer de dia quer de noite alçando-se a nuvem, partiam. Ou, quando a nuvem sobre o tabernáculo se detinha dois dias, ou um mês, ou um ano, ficando sobre ele, então os filhos de Israel se alojavam, e não partiam; e alçando-se ela, partiam.

 

Os filhos de Israel não sabiam quanto tempo tinham que estar acampados em cada lugar, se uma noite, ou dez anos. Tinham sim, que estar sempre prontos para continuar o caminho. Isto ensina-nos acerca da importância da dependência de YHVH.

 

Os impulsos que ele nos dá, são para ser seguidos. Aquele que atenta para esses impulsos, está sempre sob a protecção divina, como os filhos de Israel estavam protegidos sob a nuvem no deserto.

 

Aquele que não faz caso aos impulsos do Eterno perderá a protecção que existe para os que caminham com Ele. Esta dependência de YHVH foi muito preciosa para eles, como lemos em Jeremias 2:2-3:

 

“Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz YHVH: Lembro-me de ti, da piedade da tua mocidade, e do amor do teu noivado, quando me seguias no deserto, numa terra que não se semeava. Então Israel era santidade para YHVH, e as primícias da sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o YHVH.”


Estaremos dispostos a viver sempre assim com o nosso Pai Celestial? Estaremos dispostos a ter a nossa vida entregue a Ele.

 

Estaremos dispostos a ser levados pela presença do Ruach do Eterno a toda o instante? Estaremos dispostos a mudarmo-nos de um lado para o outro segundo mandado divino?

 

Aquele que não caminha com o Eterno tem uma vida instável. Ainda que estejamos à espera do retorno de Yeshua, não podemos parar, mas sim estar sempre prontos para qualquer tipo de mudança para poder continuar sobre a presença de YHVH.

 

9:23 “Segundo a ordem de YHVH se alojavam, e segundo a ordem de YHVH partiam; cumpriam o seu dever para com YHVH, segundo a ordem de YHVH por intermédio de Mosheh.”

 

Este texto ensina-nos que YHVH dirigiu o seu povo através da indicação que foi manifestada na nuvem e através do profeta. YHVH deu a ordem movendo a nuvem e Mosheh guiava-os. Isto mostra-nos que devemos seguir a Palavra do Eterno, dada pelo Seu Ruach e pelos Seus Profetas, para não ficarmos para trás e perder de vista o Eterno.

 

Aquele que pensa que pode servir ao Eterno sempre da mesma forma que faz há anos, engana-se. Da mesma forma que YHVH se move constantemente, há que haver uma disposição no interior de cada um de nós para caminhar com Ele e não cristalizar nas doutrinas humanas existentes em muitas organizações.

 

Se a organização ou congregação que já não quer ser obediente ao Eterno por compreenderem que afinal a interpretação que estavam a fazer era errada, mas não estão dispostos a reconhecer o equívoco, é melhor abandonarmos a organização para não ficarmos para trás.

 

Devemos preferir estar sob a cobertura da nuvem de protecção de YHVH do que sob uma organização que já não o deseja servir. Um dos perigos maiores que há para o homem é que seja inflexível num sistema de pensamentos.

 

Se perdemos a nossa disponibilidade para mudar, não podemos caminhar com o Eterno, e então ficaremos para trás. Aquele que ficar para trás correrá o risco de perder tudo, inclusive a sua alma, como está escrito em Hebreus 10:38-39:

 

“Mas  o  justo viverá da fé; E, se ele recuar, a  minha alma não tem prazer nele.      Nós, porém, não somos daqueles que se retiram para a perdição, mas daqueles que crêem para a conservação da alma.


Aqueles que têm fé, ou seja, aqueles que são fiéis e aqueles que confiam, são os que avançam, porque YHVH mantém o seu povo em movimento a toda a hora, até que cheguemos ao Reino Vindouro.

 

Mas aquele que prefere ser fiel aos homens que já não querem caminhar com o Eterno, terá muito a perder. Não sigamos atrás dos líderes que não caminham com o Eterno. Não tens qualquer obrigação de seguir aqueles líderes que não seguem ao Eterno, como está escrito em Josué 1:16-17:

 

“Então responderam a Josué, dizendo: Tudo quanto nos ordenaste faremos, e onde quer que nos enviares iremos. Como em tudo ouvimos a Mosheh, assim te ouviremos a ti, tão- somente que YHVH seja contigo, como foi com Mosheh.”

 

Logo, sigamos o nosso líder somente se YHVH for com ele, isto é, se ele proceder e ensinar de acordo com os ensinamentos do Eterno.

 

10:2 “Faz para ti duas trombetas de prata; de obra batida as farás, e elas te servirão para a convocação da congregação, e para a partida dos arraiais.

 

Há dois tipos de trombetas em Israel:

 

-  O shofar- Um corno de carneiro feito pelo eterno e usado pelo homem. Pode também ser feito de cabra, antílope ou de outro animal puro (casher).

 

-  A trombeta de prata- Feita pelos homens.

 

As trombetas de prata foram feitas com o propósito de:

 

-  reunir a congregação ou os líderes (v. 3-4, 7);

 

-  anunciar a partida (v. 5-6);

 

-  lembrar ao povo diante do Eterno em tempos de guerra (v. 9);

 

-  lembrar ao povo diante do Eterno as festas, as luas novas e durante todos os sacrifícios comunitários (v. 10).


 


 

No templo de Jerusalém os sacerdotes tocavam as trombetas de prata durante a oferta dos sacrifícios comunitários. Tocavam pelo menos 21 vezes por dia.

 

Quando as portas se abriam pela manhã tocavam três vezes. Durante a oferta diária da manhã tocavam nove vezes. Durante a oferta diária da tarde, tocavam nove vezes e se houvesse um sacrifício adicional, tocavam outras nove vezes.

 

Na véspera do sábado, tocavam três vezes pela tarde para lembrar o povo que era tempo de cessar o trabalho. Quando o sábado estava prestes a começar tocavam outras três vezes para marcar o início do shabbat.

 

Quinta Leitura: 10:11-34

 

10:11 E aconteceu, no ano segundo, no segundo mês, aos vinte do mês, que a nuvem se alçou de sobre o tabernáculo da congregação.

 

Como já vimos antes, isto mostra-nos com que rapidez fizeram o censo. A Torá tem várias formas de apresentar a data:

 

§  Ano/mês/dia (Génesis 7:11; Números 10:11; 33:38; Deuteronómio 1:3);

§  Ano/dia/mês (Génesis 8:13);

§  Mês/ano/dia (Êxodo 40:17);

§  Dia/mês/ano (Números 1:1).

 

10:12-13 “E os filhos de Israel, segundo a ordem de marcha, partiram do deserto de Sinai; e a nuvem parou no deserto de Parã. Assim partiram pela primeira vez segundo a ordem de YHVH, por intermédio de Mosheh.”

Isto ensina-nos que não devemos avançar para algo até que tenhamos a indicação do Eterno mediante a indicação da presença de seu poder em  em nós. Às vezes a indicação do ruach pode ser confirmada por uma palavra profética, mas não o revés. Devemos ser fiéis


à direcção do Ruach na nossa vida. Devemos aprender a ser dirigidos pelo Ruach inclusivamente nos detalhes.

10:28 Esta era a ordem das partidas dos filhos de Israel segundo os seus exércitos, quando partiam.

 

Os filhos de Israel tinham uma ordem estrita na hora de marchar pelo deserto. Quando há ordem há paz e quando há desordem há confusão.

10:29 Disse então Mosheh a Hobabe, filho de Reuel, o midianita, sogro de Mosheh: Nós caminhamos para aquele lugar, de que YHVH disse: Vo-lo darei; vai connosco e te faremos bem; porque YHVH falou bem sobre Israel.

Segundo Maimónides, Hobabe foi o nome que Yetro recebeu depois da sua conversão ao Eterno.

 

10:32 E será que, vindo tu connosco, e sucedendo o bem que YHVH nos fizer, também nós te faremos bem.

Aqui vê-se novamente o propósito da formação do povo de Israel, “em ti serão benditas todas as famílias da terra”. Todos os que se unem a Israel recebem as bênçãos do céu. Todos os que se unem a Israel recebem as bênçãos do céu.

 

Alguns teólogos que combinam este texto com Êxodo 18:27, dizem que Yetro partiu de Israel neste momento. No entanto, Maimónides diz que o texto de Êxodo 18 mostra que Yetro deixou o povo de Israel antes da entrega da Torá para logo voltar em algum momento que a Torá não regista.

 

Nesta ocasião estava com o povo e assim entrou na terra juntamente com eles. Segundo este texto, Mosheh teve a última palavra, o que é uma indicação de que o seu sogro lhe deu ouvidos. Segundo a tradição, os descendentes de Yetro receberam a parte mais fértil de Jericó, como lemos em Juízes 1:16:

“Também os filhos do queneu, sogro de Mosheh, subiram da cidade das palmeiras com os  filhos de Judá ao deserto de Judá, que está ao sul de Arade, e foram, e habitaram com o povo.”

Segundo Rashí, os descendentes de Yetro viveram em Jericó, “a cidade das palmeiras”, durante 400 anos, até à construção do templo.

 

Sexta Leitura: 10:35 11:29


10:35-36 “Acontecia que, partindo a arca, Mosheh dizia: Levanta-te YHVH, e dissipados sejam os teus inimigos, e fujam diante de ti os odiadores. E, pousando ela, dizia: Volta, YHVH, para os muitos milhares de Israel.”

A frase hebraica “kuma YHVH” também poderá ser traduzida como: Levanta-te YHVH”.

Quando Ele se levanta/manifesta não há inimigo que lhe possa resistir.

 

11:1 E aconteceu que, queixou-se o povo falando o que era mal aos ouvidos de YHVH; e ouvindo o YHVH a sua ira se acendeu; e o fogo de YHVH ardeu entre eles e consumiu os que estavam na última parte do arraial.

Pela língua dos filhos de Israel se acendeu um fogo consumidor, isso concorda com o texto de Tiago 3:5-6

“Assim também a língua é um pequeno membro, e gloria-se de grandes coisas. Vede quão grande bosque um pequeno fogo incendeia. A língua também é um fogo; como mundo de iniquidade, a língua está posta entre os nossos membros, e contamina todo o corpo, e inflama o curso da natureza, e é inflamada pelo inferno.

11:4-5 “E o vulgo, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo; pelo que    os filhos de Israel tornaram a chorar, e disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egipto comíamos de CHESSED; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos.

Normalmente as pessoas esquecem-se das emoções negativas e somente lembram-se das emoções positivas nas suas recordações. Os filhos de Israel já não se lembravam da escravidão. Se eles trabalhavam como escravos, como é que agora dizem que comiam de CHESSED? Rashí interpreta isso dizendo que aqui se referem a que podiam comer gratuitamente no Egipto porque não tinham que cumprir nenhum mandamento.

11:6 “Mas agora a nossa alma se seca; coisa nenhuma há senão este maná diante dos nossos olhos.”

 

O homem precisa de variar a comida para não se fartar. Agora, os filhos de Israel estavam numa situação de trânsito e a providência divina proporcionava-lhes uma alimentação de emergência, para que sobrevivessem durante o tempo no deserto que não deveria durar tanto tempo.

 

Ainda que um Midrash diga que o maná mudava de sabor consoante o desejo de cada um, a Torá diz-nos como era o sabor do maná, em Êxodo 16:31b e Números 11:8:

“e o seu sabor como bolos de mel.”

 

“e o seu sabor era como o sabor de tortas cozidas em azeite”.


Quando uma pessoa não é grata pela comida que recebe, recaem maldições na sua vida. Através das graças que damos ao Eterno antes e depois de comer, estamos a prestar culto por meio das coisas materiais e somos libertados da ganância.

 

Em 1 Coríntios 10:1-6 está escrito:

 

“Ora,  irmãos,  não quero  que  ignoreis que nossos  pais estiveram  todos  debaixo da nuvem,  e todos passaram pelo mar. E todos foram baptizados em Mosheh, na nuvem e no mar, E todos comeram de uma mesma comida espiritual, E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era o Messias. Mas D’us não se agradou da maior parte deles, por isso foram prostrados no deserto. E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.

Neste texto fala-se de um “alimento espiritual”, uma “bebida espiritual” e uma “rocha espiritual”. Da mesma forma que o maná e a água que foram dados no deserto eram alimento e bebida espiritual.

 

Como é que a Escritura chama estas coisas materiais de algo “espiritual”?

 

Segundo a filosofia grega, algo espiritual não pode ser físico. Contudo, o maná era físico, a água era física, a rocha era física.  Logo a expressão  “espiritual” não pode  ser entendida sob o ponto de vista filosófico grego, mas sim sob uma perspectiva hebraica.

 

Segundo o ponto de vista hebraico, algo espiritual é algo que vem do mundo espiritual, que tem a aprovação do Céu ou que tem uma relação ou um ponto de contacto com o mundo espiritual.

 

Uma comida espiritual é uma comida suportada, abençoada, entregue e santificada pelo Eterno. Na cultura israelita, existe a função de elevar os elementos meramente naturais a um nível espiritual para que assim se possa prestar culto ao Eterno.

 

A comida converte-se em algo espiritual quando é recebida com uma oração baseada na Palavra do Eterno, como lemos em 1 Timóteo 4:4-5:

“Porque toda a criatura de YHVH é boa, e não há nada que rejeitar, sendo recebido com acções de CHESSEDs. Porque pela palavra de YHVH e pela oração é santificada.”

11:9 E, quando o orvalho descia de noite sobre o arraial, o maná descia sobre ele.

Há uma aparente contradição entre este texto e Êxodo 16:14 onde está escrito:


“E quando o orvalho se evaporou, eis que sobre a face do deserto estava uma coisa miúda, redonda, miúda como a geada sobre a terra.”

 

Estes dois versículos mostram-nos que houve uma espécie de “manto” branco tanto por baixo como por cima do maná. O maná era assim protegido da poeira do solo e além disso coberto por uma capa, para estar bem conservado até ao momento de ser colhido.

 

Daí surgiu a tradição de colocar uma toalha branca sobre a mesa do Shabbat, e cobrir os pães do Shabbat com uma toalha branca. Estas duas toalhas lembram o povo do milagre do maná.

11:14 “Eu só não posso levar a todo este povo, porque muito pesado é para mim.”

 

Mosheh sentiu que não podia levar a carga de guiar o povo. Isto é, Mosheh considerava não ter a capacidade para assumir tal capacidade. Esta é a experiência de qualquer líder que tem uma grande responsabilidade. A resposta de YHVH aos problemas, à queixa do povo, e à exaustão de Mosheh, é que primeiramente lida com as necessidades do líder e logo trata da necessidade do povo.

11:17 Então eu descerei e ali falarei contigo, e tirarei do Ruach que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que tu não a leves sozinho.

O Ruach que está sobre um líder ungido faz com que nele haja um sentimento de carga pelo povo. É uma carga de preocupação parecida aquela que sente uma mãe pelos seus filhos. É uma carga de responsabilidade que em muitas ocasiões se torna pesada.

 

O Shaliach S’haul diz que o pior de todos os sofrimentos que ele tinha foi a preocupação por todas as congregações, como lemos em 2 Coríntios 11:23-28:

“São ministros do Mashiach? (falo como se tivesse perdido o juízo) eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos juD’us cinco quarentenas de açoites menos um. Três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; Em viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; Em trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas.

A preocupação por todas as congregações que aceitaram o testemunho de Yeshua, foi superior a todas as demais calamidades que o Shaliach S’haul estava a sofrer. Isto nos ensina que um líder tem uma grande angústia de preocupação pelos que estão sob o seu


cuidado. Mosheh sentiu que essa carga lhe era demasiado pesada e assim foi repartida sobre mais setenta anciãos. Estes setenta constituem o primeiro Sinédrio em Israel.

11:23 Porém, YHVH disse a Mosheh: Será limitado o poder de YHVH? Agora verás se a minha palavra se de cumprir ou não.

 

Mosheh não conseguia imaginar de que forma o Eterno poderia alimentar com carne todo o povo.

 

Em Génesis 18:14 está escrito:

 

“Haveria coisa alguma difícil para YHVH? Ao tempo determinado tornarei a ti  por  este  tempo da vida, e Sara terá um filho.”

Também em Jeremias 32:27: “Eis que eu sou YHVH, o Elohim de toda a carne; acaso haveria alguma coisa demasiado difícil para mim?”

Zacarias 8:6: Assim diz YHVH dos Exércitos: Se naqueles dias isto parece muito difícil aos olhos do restante deste povo, será também difícil aos meus olhos? diz o Elohim dos Exércitos.

Mateus 19:26: “E Yeshua, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Elohim tudo é possível.”

Marcos 10:27: “E Yeshua, olhando para eles, disse-lhes: Aos homens é isso impossível, mas a Elohim tudo é possível.”

Lucas 1:37: “Porque para Elohim nada é impossível.”

Lucas 18:27: “Mas ele respondeu: As coisas que são impossíveis aos homens são possíveis a Elohim”.

 

Romanos 4:21: “E estando certíssimo de que o que YHVH tinha prometido também era poderoso para o fazer.”

11:25 “Então YHVH desceu na nuvem, e lhe falou; e, tirando do Ruach, que estava sobre ele, o pôs sobre aqueles setenta anciãos; e aconteceu que, quando o Ruach repousou sobre eles, profetizaram; mas depois nunca mais.”

O Ruach que estava sobre Mosheh fez com que os anciãos eleitos profetizassem. Aquele Ruach de profecia é aquele que produz a carga de responsabilidade e preocupação num líder espiritual, porque esse Ruach é capaz de transmitir a carga que sente o Eterno pelas pessoas e pô-la no coração dos seus representantes.


Agora, os demais anciãos compartilhavam essa carga com Mosheh e assim foram capacitados para o ajudar naquela difícil tarefa. Este texto mostra-nos que um líder autêntico é, em primeiro lugar, algo espiritual, algo sobrenatural.

11:29 “Porém, Mosheh lhe disse: Tens tu ciúmes por mim? Quem dera que todo o povo de YHVH fosse profeta, e que YHVH pusesse o seu Ruach sobre ele!”

 

Mosheh desejava que todo o povo recebesse o Ruach de profecia, semelhante ao que está escrito em 1 Coríntios 14:1: “Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar.”

1 Coríntios 14:5a: “E eu quero que todos vós faleis em línguas, mas muito mais que profetizeis;”

1 Coríntios 14:39 “Portanto, irmãos, procurai, com zelo, profetizar, e não proibais falar línguas.”

 

Depois da chegada do Messias, a profecia não é dada somente a alguns dentre o povo. O desejo do Eterno, expressado pela boca de Mosheh e S’haul, é que todos profetizem sob a inspiração do Ruach do Santo.

11:34 “Por isso o nome daquele lugar se chamou Quivrote-Ataavá, porquanto ali enterraram o povo que foi cobiçoso.”

Quivrote-Ataavá significa “sepulcros da cobiça”. Aqui está escrito que aqueles que tinham sido cobiçosos foram sepultados. Mas não foi isso, pois também foi sepultada a cobiça.

Cobiçar é diferente de desejar. A cobiça é algo insaciável, algo demoníaco, que não está baseado numa função natural de necessidade, mas sim uma exigência sem agradecimento, sem humildade, sem reconhecimento.

É igual, ou pior que os desejos animalescos dos animais. Tenhamos muito cuidado com a cobiça, enterremo-la.

Tiago 4:1-3 “De onde vêm as guerras e pelejas entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos  deleites, que nos  vossos membros guerreiam? Cobiçais, e nada tendes; matais, e sois invejosos, e nada podeis alcançar; combateis e guerreais, e nada tendes, porque não pedis. Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites.”


Sétima Leitura: 11-30 12:16

 

12:1 “E falaram Miriã e Arão contra Mosheh, por causa da mulher cushita, com quem casara; porquanto tinha casado com uma mulher cushita.”

 

O texto identifica primeiro Miriam em vez de Arão. Isto mostra-nos que foi ela que tomou a iniciativa para falar com Mosheh e terá influenciado Arão. Talvez, por essa razão somente ela tenha sido ferida com tsaráat (lepra).

 

Arão agiu como uma marioneta, tal como quando fez o bezerro de ouro, e fraquejou em ambos os momentos. Arão, no seu propósito de estar em paz com todos, deixava-se levar por influências malignas. Faltava-lhe carácter para resistir ao mal. Mas, ao mesmo tempo, apressava-se a humilhar-se e a pedir perdão.

 

É muito grave falar contra aqueles que recebem confiança por parte do Eterno; as consequências são desastrosas. Não devemos falar mal daqueles que estão postos em posições de liderança no povo do Eterno.

 

YHVH encarregar-se-á de julgar aquele que comete semelhante pecado com a sua língua. Aqui vemos como o lashon hará (a má língua) foi castigada com tsaráat.

12:6 E disse: Ouvi agora as minhas palavras; se entre vós houver profeta, eu, YHVH, em visão a ele me farei conhecer, ou em sonhos falarei com ele.”

Os profetas por norma recebem testemunho em visões e em sonhos. Contudo, o nível de profecia que tinha Mosheh era superior ao dos demais.

Ele foi o maior profeta até que veio o Filho de Elohim, Yeshua haMashiach, que está num nível incomensuravelmente superior a Mosheh, como lemos em Hebreus 1:1-2; 3:3:

“Havendo D’us antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho, A quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo.” (…) “Porque ele é tido por digno de  tanto  maior glória do que Mosheh, quanto maior honra do que a casa tem aquele que a edificou.”

Textos relacionados com o Messias nesta Porção Semanal da Torá:

 

8:7b e lavarão as suas vestes, e se purificarão.- Isto refere-se à morte e ressurreição

(ver Apocalipse 7:14)

 

8:21b Arão fez expiação por eles, para purificá-los.” O Sumo-Sacerdote celestial foi quem fez a expiação por nós para nos purificar (ver Hebreus 7:17).


9:12a Dela nada deixarão até à manhã, e dela não quebrarão osso algum” – Nenhum osso de Yeshua foi quebrado quando morreu, cf. João 19:36.

9:13 “Porém, quando um homem for limpo, e não estiver em viajem, e deixar de celebrar       a páscoa, essa alma do seu povo será extirpada; porquanto não ofereceu a oferta de YHVH a seu tempo determinado; esse homem levará o seu pecado.”

O crente que não participa de Pêssach, perde o seu direito de ser parte do povo. Isto ensina-nos que aquele que não tem parte do cordeiro que foi entregue por YHVH para tirar o pecado do mundo, finalmente será totalmente desarraigado do povo, cf. Actos 3:22- 23; 4:11; Deuteronómio 18:19.

10:3 “E, quando as tocarem, então toda a congregação se reunirá a ti à porta da tenda da congregação.”

Ao toque da última trombeta, Yeshua virá e reunirá os remidos arrebatando-os e levando- os à terra de Israel (1 Tessalonicenses 4:16-17).

10:5 “Quando, retinindo, as tocardes, então partirão os arraiais que estão acampados do lado do oriente.”

 

Os acampamentos teriam que levantar e partir quando se tocasse a trombeta. Isto mostra- nos que os que serão arrebatados serão transladados para a terra prometida para estar com o Messias durante o seu governo milenar na terra.

 

10:9 “E, quando na vossa terra sairdes a pelejar contra o inimigo, que vos oprime, também tocareis as trombetas retinindo, e perante YHVH vosso Elohim haverá lembrança de vós, e sereis salvos de vossos inimigos.”

 

Para serem lembrados na guerra, toca-se a trombeta. Isto aponta para o regresso do Messias a Jerusalém, onde fará guerra aos exércitos das nações que subirão para pelejar contra Israel e conquistar a cidade do Grande Rei, cf. Zacarias 14. O Anti-Cristo será morto com a espada que sai da boca de Yeshua, cf. Isaías 11:4; 2 Tessalonicenses 2:8.

10:10 “Semelhantemente, no dia da vossa alegria e nas vossas solenidades, e  nos princípios de vossos meses, também tocareis as trombetas sobre os vossos holocaustos, sobre os vossos sacrifícios pacíficos, e vos serão por memorial perante vosso Elohim: Eu sou YHVH vosso Elohim.”

Depois de ser retirada a influência maligna da terra, celebrar-se-á a festa de Sukkot (tabernáculos/cabanas) durante mil anos, que são as bodas do cordeiro.


10:14 “Porque primeiramente partiu a bandeira do arraial dos filhos de Judá segundo os seus exércitos; e sobre o seu exército estava Naassom, filho de Aminadabe.”

Judá sempre caminhava na frente. O Messias, que veio da tribo de Judá, é sempre o primeiro no plano do Eterno (o primeiro da criação; o primeiro a ser colhido/ressuscitado; as primícias; etc.).

10:33 “Assim partiram do monte de YHVH caminho de três dias; e a arca da aliança de YHVH caminhou diante deles caminho de três dias, para lhes buscar lugar de descanso.”

A arca, que simboliza o Messias, foi três dias diante do povo. Isto mostra-nos a sua morte e ressurreição que abriu caminho para nós para chegar a um lugar de repouso.

12:8a “Boca a boca falo com ele, claramente e não por enigmas; pois ele vê a imagem do Eterno”

A expressão boca a boca pode também significar cara a cara como lemos em João 6:46: “Não que alguém visse ao Pai, a não ser aquele que vem de D’us; este  tem visto ao Pai.”  Fim da Parashá 3