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Aprofundamento nas Escrituras

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PARASHÁ COMENTADA.PARA AUXILIO AOS LIDERES ,Parashá 29: Acharei mot, Vayikra Parashá 30: Kedoshim, para todos os Israelitas Nazarenos da diaspora

PARASHÁ COMENTADA.

Parashá 29: Acharei mot, Vayikra/Levítico 16 à 18
Parashá 30: Kedoshim, Vayikra/Levítico 19 à 20
Haftará Acharei mot: Ezequiel 22:1-19; Romanos 3:19-31; I Coríntios 5:1-13

Haftará Kedoshim: Amós 9:7-15; Ezequiel 20:2-20; Mateus 5:21-42; Romanos 13:8-10; II Coríntios 6:14-18

Shabat, 02 de Maio de 2020 – 8 de Iyar de 5780

Este é um comentário sucinto e objetivo das Lições da Torah e dos Profetas (ver Atos 13:15) ou Parashiôt, Mais uma semana que temos novamente duas Parashiôt, Acharei mot e Kedoshim. A Parashá de Acharei mot inicia lembrando sobre o episódio ocorrido com os filhos mais velhos de Aarão, Nadav e Avihu, sobre o qual já havíamos lido na Parashá Shemini.

Na sequência, a Porção faz uma detalhada descrição da conexão de Yom Kipur, quando o Sumo Sacerdote entra na parte mais sagrada do Tabernáculo após preparações especiais e usando roupas específicas. Acharei mot descreve a consagração das oferendas de Yom Kipur, incluindo dois bodes idênticos que são designados, através de sorteio, como oferenda. Um bode era oferecido, no Templo, enquanto que o outro era levado para “Azazel” no deserto.

A Torah determina as obrigações individuais para Yom Kipur, no décimo dia do sétimo mês e assegura que o povo de Yisrael merecerá a entrada na Terra Prometida, se mantiver sua santidade. 

Ele seguirá um ritual único, usando vestimentas especiais, oferecendo sacrifícios e incenso e tendo como obrigação expiar pela sua casa e pelo povo todo de Yisrael. Este ritual é relembrado até hoje na leitura da “Avodá”, durante a repetição de Mussaf de Yom Kipur em nossas Sinagogas.

Seguindo a ordem de que Yom Kipur e suas leis de jejum e abstinência de trabalho, as quais seriam observadas eternamente pelo povo de Yisrael como um dia de perdão, ou seja, “Shabat HaShabaton”, a Torah então ensina a proibição da oferenda de korbanot (sacrifícios) fora das
instalações do Mishkan (Tabernáculo e, no futuro, no Templo), ou seja, qualquer sacrifício feito deveria ser realizado SOMENTE no Templo.

Sobre o bode emissário, muitas pessoas nos têm feito perguntas para saber quem ele representava, a palavra hebraica Azazel – א , é derivada de duas palavras hebraicas: ez= bode, e azal= opor-se, significando que este bode deveria seguir uma trajetória oposta ao do pode expiatório, isto é, se o bode expiatório deveria ser sacrificado para expiar os pecados de todo o Yisrael e isto nos dá uma alusão a obra expiatória do Messias, o bode para Azazel não era sacrificado, ele era deixado no deserto e caminhava carregando os pecados nele depositado até encontrar um lugar para se precipitar ou morrer de fome, ele não parava de andar até cumprir seu destino, representando o que hoje é, e sempre, foi o destino de haSatan.

A porção continua descrevendo diversos tipos de pecados da carne, as uniões proibidas e casamentos ilícitos, principalmente os vários tipos de incestos, perversões sexuais e homossexualismo, a Torah não continua discutindo assuntos espirituais sublimes, ao invés disso, ela continua com leis de casamentos proibidos e nos alertando a não seguir os costumes da terra do Egito e dos povos de Canaã.

Interessante é que, o começo desta Parashá é lido em Yom Kipur logo após Shacharit (serviço matinal), e sua conclusão é lida mais tarde no mesmo dia, durante a prece de Minchá (serviço vespertino). Entretanto, Yom Kipur é o mais sagrado dia do ano, nós jejuamos e oramos durante o dia todo. Parece estranho que após a leitura sobre o serviço do Sumo Sacerdote nós lermos sobre as leis de casamentos proibidos e sobre não seguirmos os costumes dos gentios.

Isso nos ensina uma importante lição sobre não sermos complacentes e baixarmos nossa guarda. Mesmo se tivermos atingido o pico da felicidade, não devemos nos contentar. O grande teste é Acharei, o que virá a seguir.

E como conclusão da Parashá, nos é assegurado que o povo de Yisrael merecerá a entrada na terra Santa se mantiver a sua santidade, garantindo assim sua permanência nela.

A Parashá Kedoshim inicia-se com a ordem de D’us para o povo de Yisrael ser santo, imitando a santidade do próprio Criador. A Parashá aborda uma série de Mitzvot (mandamentos), que dizem respeito ao comportamento do homem em relação ao seu próximo para que desta forma ele possa atingir a santidade requerida pelo Eterno.

E a Torah prossegue ensinando várias Mitzvot através das quais podemos atingir a santidade, abrangendo uma grande variedade de assuntos, tanto com mandamentos positivos, como inferências negativas, lidando com nosso relacionamento ímpar com D'us e com nosso próximo. Esses assuntos abordam desde a santidade do Shabat, passando por relações familiares, escravagismo, Kilayim (misturas proibidas) e até mesmo a descrição de punições para relações humanas proibidas, conforme já enumerado na Parashá Acharei mot.

Recebemos ordens de honrar e amar nossos pais, guardar o Shabat e abstermo-nos da adoração de ídolos. Adonai nos instrui a deixar vários presentes de nossa colheita para os pobres e necessitados, incluindo o ângulo (canto) dos campos e os feixes que caíram por acaso ao serem juntados. Devemos manter a justiça, fazer negócios honestos com nossos vizinhos, não praticar a maledicência, e de forma geral ter pelos outros a mesma consideração que temos por nós mesmos. Isto é fundamental na vida de um verdadeiro israelita ao qual não há dolo.

Segue-se uma descrição de várias categorias de kilayim (misturas proibidas), hibridação de animais e plantas, e vestir shatnez (uma mistura de lã e linho em uma mesma peça de roupa), a Torah ordena o Orlá, que é a proibição de consumir frutas nos primeiros três anos após o plantio de uma árvore. A porção continua com uma lista das punições a serem impostas às pessoas que transgridem e participam das várias relações proibidas relacionadas na porção anterior.

A Parashá prossegue com o Eterno se dirigindo ao povo de Yisrael dizendo: "Sereis santos, pois Santo Eu sou, o Eterno vosso D’us" (Levítico 19:1-2). Estes dois versículos fornecem uma ênfase esclarecedora sobre não apenas vivemos como israelitas, mas do modo como vivemos no contexto hebraico de onde vivemos.
Nesta porção, não só é abordado os vários tipos de pecados como também as suas devidas penalidades, inclusive, a aplicação da pena capital (sentença de morte), muitas pessoas de outras religiões nos perguntam num tom de crítica, se a Torah não foi abolida então podemos aplicar a pena capital a um caso de adultério?? Tal pergunta por si só já está fora do contexto e demonstra total falta de conhecimento bíblico e do contexto hebraico. Em primeiro lugar, não cabia ao israelita comum ou ao povão julgar ninguém, todo crime era julgado por um Beyt Dim, ou tribunal de anciãos e juízes, e só depois era aplicada a pena capital se assim fosse necessário, tal tribunal era ligado diretamente ao Templo que por sua vez estava subordinado ao Sanhedrim (sinédrio israelita) como hoje nós não temos o Templo e nem o Sanhedrim está atuando, logo, não se pode aplicar nenhuma pena capital conforme estipula a Torah. Só lembrando que a pena de morte continua vigente e será duramente aplicada por ocasião do retorno do Messias, quando então ele dará a sentença aos ímpios conforme nos diz o Apocalipse:

“E subiram sobre a superfície da terra, e cercaram o arraial dos santos e a Cidade amada; e de D’us desceu fogo, do céu, e os devorou a todos. E haSatan, que os enganava, foi lançado vivo no lago de fogo e enxofre, onde já se encontram a besta e o falso profeta; e de dia e de noite serão atormentados para todo o sempre” (Apocalipse 20:9-10)
A Porção conclui com o Mandamento, mais uma vez, para que sejamos um povo santo e distinto dentre as nações e religiões do mundo.

O Sentido Espiritual da Parashá (comentários da Kabalah):
Acharei mot: Nesta semana, lemos outra porção dupla na Torah, trazendo ainda uma abordagem de purificação. “Após a morte” refere-se à morte trágica de Nadav e Avihu. Os filhos de Aaron eram sacerdotes preparados para exercer os ritos e sabiam como fazê-lo. Entretanto, eles entram no Santuário para oferecer incenso, rito que era realizado todos os dias e são fulminados por um raio e morrem.

Os sacrifícios no Templo, oferendas e as orações tinham sempre como objetivo elevar a consciência, unindo os dois mundo, o físico e o espiritual. Para a Torah, o propósito do caminho espiritual é integrar a natureza do mundo físico com o extra-físico, e não o abandono de um em detrimento do outro. A vida, no mundo físico, só pode existir quando há harmonia entre corpo e alma, físico e espiritual, Criador e criatura. O primeiro passo no caminho da espiritualidade é a consciência de que somos seres espirituais com um propósito de evolução. Temos um corpo e uma alma e podemos alimentar com mais empenho um dos dois, dependendo da vibração com a qual vivenciamos nossos pensamentos, sentimentos e ações, conforme nos advertiu o autor de Hebreus:

“Esforcem-se para viver em paz com todos e para serem santos; sem santidade ninguém verá a Adonai” (Hebreus 12:14)
O ser humano deve construir um Templo dentro de si, uma morada para a Luz Divina, santificando sua alma animal. Não estamos no mundo apenas para presenciar o que o Eterno é ou o que Ele faz, temos que assumir a responsabilidade de criarmos a realidade que desejamos.

Kedoshim fala para sermos sagrados e conecta esta possibilidade com ações relacionadas à comida, às roupas, ao casamento, aos negócios etc. Nós não precisamos nos afastar do mundo para nos tornarmos sagrados, como fazem certas seitas monásticas, mas sim, devemos estar envolvidos com nossas atividades diárias de acordo com as orientações da Torah, só podemos nos aproximar do Criador através da equivalência de desejos.

Portanto, tornar-se santo (consagrado, separado) significa ir além de si mesmo ao ajudar o outro, mesmo quando isso não é conveniente para você. O amor sagrado (kadosh) é transcendente e incondicional, foi exatamente isso que a Torah quis ensinar ao dizer: “.... mas, amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Eu Sou o Eterno” (Levítico 19:18). Esta foi a nota tônica em todo o discurso do Messias Yeshua quando ensinava a Torah em seu ministério terrestre. Que Adonai Eterno abençoe a Leitura e o Estudo de sua Palavra.